INSTRUÇÃO: Considere o seguinte poema de Adélia Prado para responder à questão.
A sempre-viva
Gostava de cantar A flor mimosa:
―Nas pétulas de ouro
que esta flor ostenta...‖
Pétula, a palavra errada,
[5] agulha no coração,
uma certa vergonha,
culpa por lhe ter dito:
é pétala, pai, é pétala.
Ah! Pois venho cantando errado a vida inteira.
[10] Que vale esta lembrança?
Cinquenta anos já e a agulha tornada faca,
sua lâmina ainda vibra.
É excruciante o amor,
mas por nada no mundo trocarei sua pena.
PRADO, Adélia. Miserere. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2015. p. 13.
No poema em questão,
o eu lírico sofre por ter corrigido o pai no passado, mas rejubila-se pela recordação de um vínculo de amor e saudade.
manifestam-se o prazer e o fascínio paradoxais do eu poético pelas dores provocadas por relacionamentos amorosos em geral.
o eu lírico não suporta o sofrimento crescente pelo erro cometido – “agulha tornada faca” –, preferindo a morte a esse desgosto.
o eu lírico confessa a vergonha que continua sentindo da ignorância do próprio pai que não sabia entoar corretamente uma canção.
o eu lírico proclama a vergonha de ter corrigido seu pai, não mais suportando o arrependimento advindo desse erro.