A questão pede para identificar a postura atribuída ao público leitor (e à sociedade em geral) pela peça de Oswald de Andrade, com base na reação ao movimento futurista descrita pelo personagem Pinote.
1. Análise do Diálogo: Heloísa pergunta se Pinote faz versos, e ele lista vários tipos, incluindo "reclames". Quando questionado se são "futuristas", Pinote revela que já foi adepto do Futurismo, mas abandonou o movimento.
2. Motivo da Mudança: Pinote explica que sua fase futurista foi uma "tragédia". A sociedade reagiu negativamente: chamavam-no de "maluco", olhavam-no "de esguelha" (com desconfiança, de lado), e ele deixou de ser bem recebido. Essa rejeição social teve consequências práticas graves: sofrimento familiar ("As crianças choravam em casa"), dificuldades financeiras ("No jornal também não pagavam, devido à crise. Precisei viver de bicos").
3. A Consequência - Tornar-se "Passadista": Diante dessa pressão social e econômica, Pinote renega o Futurismo ("Ah! Reneguei tudo") e adota uma postura "passadista", ou seja, volta-se para o passado, para os modelos tradicionais e já aceitos. O instrumento que ele mostra (a faca) pode simbolizar uma postura mais pragmática e até agressiva para sobreviver, abandonando os ideais artísticos inovadores.
4. A Ironia e a Crítica Social: Oswald de Andrade, um dos líderes do Modernismo brasileiro (que dialogava com as vanguardas europeias como o Futurismo), ironiza a resistência da sociedade brasileira a novas formas de expressão artística. A peça mostra que a sociedade não apenas rejeitava o novo por questões estéticas, mas também marginalizava social e economicamente aqueles que ousavam inovar.
5. Conclusão: A rejeição ao Futurismo (vanguarda, inovação) e a consequente adoção de uma postura "passadista" (ligada ao passado, ao tradicional) por parte de Pinote, forçada pela reação do público, demonstra que essa sociedade tinha uma postura conservadora. Ela preferia os modelos já estabelecidos e consagrados, resistindo às novas propostas artísticas que rompiam com a tradição.
Portanto, a visão irônica da peça atribui ao público leitor (e à sociedade) uma postura conservadora, que opta por modelos consagrados em detrimento das inovações vanguardistas.