HELOÍSA – Faz versos?
PINOTE – Sendo preciso... Quadrinhas... Acrósticos... Sonetos... Reclames.
HELOÍSA – Futuristas?
PINOTE – Não senhora! Eu já fui futurista. Cheguei a acreditar na independência... Mas foi uma tragédia!
Começaram a me tratar de maluco. A me olhar de esguelha. A não me receber mais. As crianças choravam
em casa. Tenho três filhos. No jornal também não pagavam, devido à crise. Precisei viver de bicos. Ah!
Reneguei tudo. Arranjei aquele instrumento (mostra a faca) e fiquei passadista.
(ANDRADE, O. O Rei da Vela. São Paulo: Globo, 2004, p.58.)
Sobre essa peça, assinale a alternativa correta.
A peça fala sobre a crise das indústrias produtoras de celulose, que ocasionou o fechamento de vários jornais na virada do século XIX para o XX. Por esse motivo, Pinote deixava o jornalismo, tornando-se escritor.
A peça trata do tema bullying na adolescência, visto que vários personagens são apelidados com nomes
constrangedores, como é o caso de Totó Fruta-do-Conde e Heloísa de Lesbos.
Abelardo I é homem sem escrúpulos que, com a crise das empresas de energia, enriquece com a produção de velas. Depois disso, passa a explorar trabalhadores em situação difícil por meio da agiotagem.
Abelardo I é um industrial falido, que passa a vida tentando conquistar Heloísa, moça doce e meiga, que se vê dividida entre o amor de dois homens, mas é coagida pela família a ficar com o pretendente rico.
Abelardo I presenteia sua amada Heloísa com uma ilha, que será apelidada de Ilha da Nobreza, referência ao poderio financeiro da família, cuja riqueza provém de heranças deixadas por antepassados nobres.