Num matutino de ontem, num desses matutinos que se empenham na publicidade do crime, havia a seguinte notícia: “João José Gualberto, vulgo ‘Sorriso’, foi preso na madrugada de ontem, no Beco da Felicidade, por ter assaltado a Casa Garson, de onde roubara um lote de discos”.
Pobre redator, o autor da nota. Perdido no meio de telegramas, barulho de máquinas, campainhas de telefones, nem sequer notou a poesia que passou pela sua desarrumada mesa de trabalho, e que estava contida no simples noticiário de polícia.
Bem me disse Pedro Cavalinho, o tímido esteta, naquela madrugada: “A maior inimiga da poesia é a vulgaridade”. Distraído na rotina de um trabalho ingrato, esse repórter de polícia soube que um homem que atende por um vulgo de “Sorriso” roubara discos numa loja e fora preso naquele beco sujo que fica entre a Presidente Vargas e a Praça da República e que se chama Felicidade. Fosse o repórter menos vulgar e teria escrito: “O Sorriso roubou a música e acabou preso no Beco da Felicidade”.
(PRETA, Stanislaw Ponte. Tia Zulmira e eu. 1. ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1979. p. 145-7. Adaptado.)
Há ERRO de regência nominal em:
Esta poesia é agradável à alma.
Os leitores estavam ávidos a boas notícias.
Os seus editoriais são compatíveis com os meus.
O seu projeto jornalístico é passível de reformulações.