Gregório de Matos tanto exprimiu os sentimentos e a ideologia da Contrarreforma, em poemas contritos e moralistas, vazados no estilo barroco, como denunciou a sociedade seiscentista da “cidade da Bahia”, dominada pelas negociatas e falcatruas no comércio do açúcar. Sua perspectiva crítica, a um tempo rancorosa, enérgica e desbocada, deu vazão à série de poemas satíricos, cujos alvos eram os clérigos viciosos, os “mulatos desavergonhados”, os conselheiros corruptos, os falsos “fidalgos caramurus”. Mas há quem veja em sua atitude muito mais o despeito de um aristocrata deslocado do que a indignação de fundo social. O que ninguém contesta é seu talento de poeta.
(GOMES, Raimundo Piva. Inédito)
A autoridade católica foi questionada em diversos momentos da Idade Média. Essas manifestações ocorreram em um contexto histórico no qual a Igreja Católica exercia grande controle sobre as sociedades europeias. Contudo, no século XVI, a autoridade da Igreja começou a enfrentar
as revoltas camponesas contra a opressão feudal dos senhores e do clero nas cidades, inaugurando um período de confronto entre católicos e protestantes que deu origem à Reforma da Igreja Católica.
as guerras religiosas, que opuseram católicos e protestantes, condenavam a doutrina da predestinação absoluta formulada pelo pensamento tomista medieval e as mudanças no cristianismo e na Igreja Católica.
os movimentos de reformulação doutrinal e administrativa do cristianismo para combater as heresias, impedir sua proliferação, reafirmar os dogmas da Igreja e estabelecer vigilância sobre as práticas dos fiéis.
as lutas promovidas pelas assembleias de religiosos e pelo órgão responsável de julgar atos dos católicos e manter os textos bíblicos, a fim de abolirem a confissão, o jejum, o celibato clerical e o culto aos santos.
a oposição dos estados em formação e mudanças nos campos filosófico, econômico e social que acabaram por diminuir a capacidade das autoridades eclesiásticas no combate a seus oponentes e críticos.