FORMIGA
Quando minha prima e eu descemos do táxi, já era quase noite. Ficamos imóveis diante do velho sobrado de janelas ovaladas, iguais a dois olhos tristes, um deles vazado por uma pedrada. Descansei a mala no chão e apertei o braço da prima.
– É sinistro.
Ela me impeliu na direção da porta. Tínhamos outra escolha? Nenhuma pensão nas redondezas oferecia um preço melhor a duas pobres estudantes com liberdade de usar o fogareiro no quarto, a dona nos avisara por telefone que podíamos fazer refeições ligeiras com a condição de não provocar incêndio. Subimos a escada velhíssima, cheirando a creolina.
– Pelo menos não vi sinal de barata – disse minha prima.
A dona era uma velha balofa, de peruca mais negra do que a asa da graúna. Vestia um desbotado pijama de seda japonesa e tinha as unhas aduncas recobertas por uma crosta de esmalte vermelho-escuro, descascado nas pontas encardidas.[...]
(Lygia Fagundes Telles)
Sobre o fragmento do conto, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).
( ) O narrador, em primeira pessoa, revela o universo feminino a partir de características opressoras.
( ) A descrição do espaço ocupa um importante lugar na trama narrativa.
( ) A intertextualidade está presente no enunciado “mais negra do que a asa da graúna”.
A sequência correta é
V – F – F.
F – V – F.
F – V – V.
V - V – F.
F – F – V.