“Fora Leonardo algibebe em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do negócio, e viera ao Brasil. (...) Mas viera com ele no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria da hortaliça, quitandeira das praças de Lisboa, saloia rechonchuda e bonitona”. (Memórias de um sargento de milícias. Manuel Antônio de Almeida). No “tempo do rei”, a afluência de consumidores para a área urbana do Rio de Janeiro foi um dos fatores que caracterizaram as transformações das relações econômicas do Brasil com a Europa. Sobre essa fase de redefinição das relações internacionais do País, é correto afirmar que:
Ela abre os portos brasileiros para os produtos ingleses por meio do Tratado de Methuen, que em contrapartida garante à Coroa portuguesa o direito de utilização da moderna frota de navios ingleses para o transporte de vinhos e azeites para a Europa, reduzindo o desequilíbrio de sua balança comercial.
Ela inaugura o desenvolvimento das manufaturas brasileiras – por meio do decreto de elevação do Brasil a integrante do Reino Unido de Portugal e Algarves –, que passaram a concorrer com alguns produtos ingleses e contribuíram para estabelecer o modelo econômico liberal no Brasil.
Ela testemunha o acordo conhecido como “convenção secreta”, por meio do qual Portugal concedia à Inglaterra vantagens coloniais sobre o comércio com o Brasil que aliviariam a crise militar e econômica gerada pela derrota nas guerras napoleônicas.
Ela estabelece vantagens comerciais para a Inglaterra por meio dos três “Tratados de 1810”, que previam a fundação do Banco do Brasil, para o controle das relações comerciais e creditícias entre os dois países, além da instalação de indústrias de ferro em Minas Gerais e em São Paulo.
Ela contribui para amenizar a crise de superprodução inglesa intensificada pelo Bloqueio Continental por meio dos “Tratados Strangford”, que determinam taxas inferiores de importação para mercadorias inglesas e expressam a transição da exploração colonial portuguesa para o domínio econômico inglês.