Unisinos Inverno 2016

Famílias em transformação*

 

Rosely Sayão**

 

1. O projeto de lei que cria o Estatuto da Família colocou na pauta do dia a discussão a respeito do conceito

2. de família. Afinal, o que é família hoje? Alguém aí tem uma definição, para a atualidade, que consiga acolher

3. todos os grupos existentes que vivem em contextos familiares?

4. A Câmara dos Deputados tem a resposta que considera a certa: “Família é a união entre homem e mu-

5. lher, por meio de casamento ou de união estável, ou a comunidade formada por qualquer um dos pais junto

6. com os filhos”.

7. Essa é a definição aprovada pela Câmara para o projeto cuja finalidade é orientar as políticas públicas

8. uanto aos direitos das famílias – essas que se encaixam na definição proposta −, principalmente nas áreas de

9. segurança, saúde e educação. Vou deixar de lado a discussão a respeito das injustiças, preconceitos e exclu-

10. sões que tal definição comporta, para conversar a respeito das famílias da atualidade.

11. Desde o início da segunda metade do século passado, o conceito de família entrou em crise, e uso a

12. palavra “crise” no sentido mais positivo do termo: o que aponta para renovação e transição; mudança, enfim.

13. Até então, tínhamos, na modernidade, uma configuração social hegemônica de família, que era pautada

14. por um tipo de aliança – entre um homem e uma mulher – e por relações de consanguinidade. As mudanças

15. ocorridas no mundo determinaram inúmeras alterações nas famílias, não apenas em seu desenho, mas, prin-

16. cipalmente, em suas dinâmicas.

17. E é importante aceitar esta questão: não foram as famílias que provocaram mudanças na sociedade;

18. esta é que determinou muitas mudanças nas famílias. Só assim vamos conseguir enxergar que a família não é

19. um agente de perturbação da sociedade. É a sociedade que tem perturbado, e muito, o funcionamento familiar.

20. Um exemplo? Algumas mulheres renunciam ao direito de ficar com o filho recém-nascido durante todo

21. o período da licença-maternidade determinado por lei, porque isso pode atrapalhar sua carreira profissional.

22. Em outras palavras: elas entenderam que a sociedade prioriza o trabalho em detrimento da dedicação à famí-

23. lia. É assim ou não é?

24. Se pudéssemos levantar um único quesito que seria fundamental para caracterizar a transformação de

25. um agrupamento de pessoas em família, eu diria que é o vínculo, tanto horizontal quanto vertical. E, hoje, todo

26. mundo conhece grupos de pessoas que vivem sob o mesmo teto ou que têm relação de parentesco e que não

27. se constituem verdadeiramente em família, por absoluta falta de vínculo entre seus integrantes.

28. Os novos valores sociais têm norteado as pessoas para esse caminho. Vamos nos lembrar de valores

29. decisivos para nossa sociedade: o consumo, que valoriza o trabalho exagerado, a ambição desmedida e o

30. sucesso a qualquer custo; a juventude, que leva adultos, independentemente da idade, a adotarem um estilo

31. de vida juvenil, que dá pouco espaço para o compromisso que os vínculos exigem; a busca da felicidade, iden-

32. tificada com satisfação imediata, que leva a trocas sucessivas nos relacionamentos amorosos, como amizades

33. e par afetivo, só para citar alguns exemplos.

34. O vínculo afetivo tem relação com a vida pessoal. O vínculo social, com a cidadania. Ambos estão bem

35. frágeis, não é?

 

*Texto publicado na Folha de São Paulo, em 29 set. 2015. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2015/09/1687809-familias-emtransformacao.shtml. Acesso em 01 out. 2015. Adaptação.

** Psicóloga e consultora educacional.

Assinale a única afirmação correta, considerando o sentido do texto e o emprego de articuladores.

a

O nexo “Para” (linha 2) expressa uma relação de finalidade: necessidade de tempo (meio)  profundidade das imagens (fim).

b

O articulador “e” (linha 12) poderia ser substituído, sem prejuízo ao sentido do texto, por “mas”, pois há uma ideia de oposição entre as proposições.

c

O enunciado “Mas Carr foi muito pouco drummondiano” (linha 17) apresenta uma afirmação com força argumentativa menor do que a do enunciado anterior, pois o autor se filia à ideia de Drummond, a qual diverge da posição de Carr.

d

O conectivo “que” (linha 18) expressa uma relação de conclusão, pois a fuga para as montanhas é a decorrência da mensagem da avó, no grupo de família citado no texto.

e

Na sequência textual “A avó levou na brincadeira, feliz que estava com a melhora do neto” (linhas 20-21), é expressa uma relação de condicionalidade: a avó estava feliz com a melhora do neto (condição) → a avó levou a mensagem do neto na brincadeira (ideia consequente).

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