— Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta. Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra.
Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a murmurando:
— Você é um bicho, Fabiano.
Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades.
Chegara naquela situação medonha — e ali estava, forte, até gordo, fumando o seu cigarro de palha.
— Um bicho, Fabiano.
Duas marcas do estilo de Graciliano Ramos, que podem ser percebidas em Vidas secas, são:
o uso de uma linguagem popular e o excesso no uso da adjetivação.
o uso de uma linguagem concisa e a presença da crítica social.
o uso de uma linguagem pomposa e a subjetividade acentuada do narrador.
o uso de uma linguagem rebuscada e o tom de euforia e indignação.
o uso de uma linguagem artificial e a descrição idealizada da pátria.