EU NÃO VOU PERTURBAR A PAZ
De tarde um homem tem esperanças.
Está sozinho, possui um banco.
De tarde um homem sorri.
Se eu me sentasse ao seu lado
Saberia de seus mistérios.
Ouviria até sua respiração leve.
Se eu me sentasse ao seu lado
Descobriria o sinistro
Ou doce alento da vida.
Que move suas pernas e braços.
Mas, ah! eu não vou perturbar a paz que ele depôs na praça, quieto.
BARROS, Manoel. Manoel de Barros, poesia reunida. São Paulo, Leya, 2013.
Sobre ele, analise as afirmativas a seguir:
I. Esse poema, sob uma análise ortográfica, segue sobremaneira a regra das normas que orientam a grafia de palavras apresentadas em língua portuguesa, conforme a língua padrão. Isso significa afirmar que as palavras “homem” e “paz” estão escritas no sentido restritamente denotativo e não se relacionam com sentidos conotativos.
II. Os versos do poema em análise sinalizam que há uma relação entre o eu lírico e o “homem” ao tempo que também sinalizam que essa relação não é próxima nem íntima. O verso “Mas, ah! eu não vou perturbar a paz que ele depôs na praça, quieto.” coaduna, em termos conotativos, com o título do poema Eu não vou perturbar a paz.
III. No poema, a palavra “sinistro” está grafada denotativamente e possui o mesmo sentido que a palavra “sinistro” na seguinte afirmativa: “O homem sentou no banco da praça e contou tostão por tostão; a franquia do seguro era alta e as suas economias não dariam para suprir o “sinistro” ocorrido com o carro.” Qualquer outra afirmação sobre o sentido da palavra “sinistro” tende a ser inconsistente.
IV. A expressão “De tarde”, usada em dois versos do poema, está colocada de maneira que o leitor pode concluir em que momento cronológico do dia um “homem” tem esperanças e um “homem” sorri. Não seria um erro afirmar que há outras possibilidades interpretativas para a mesma expressão, visto se tratar de uma linguagem com claro viés figurativo.
V. Nos versos do poema EU NÃO VOU PERTURBAR A PAZ, o eu lírico afirma que não perturbará a paz do homem que tem esperança e que sorri. O eu lírico também afirma que, caso ele se sentasse próximo ao homem, teria condições de ouvir “...até sua respiração leve.” No entanto, de modo consciente, pois almeja não incomodar o “homem”, o eu lírico evita “...perturbar a paz que ele depôs na praça, quieto.”
Está CORRETO o que se afirma em
I, II e III.
I, II e IV.
II, III e V.
II, IV e V.
III, IV e V.