Estrada para o céu
Os ingênuos contos sertanejos desde muito lhes haviam revelado as estradas fascinadoramente traiçoeiras que levam a Inferno. Canudos, imunda antessala do Paraíso, pobre peristilo dos céus, devia ser assim mesmo – repugnante, aterrador, horrendo...
Entretanto, lá tinham ido, muitos, alimentando esperanças singulares. “Os aliciadores da seita se ocupam em persuadir o povo de que todo aquele que se quiser salvar precisa vir para Canudos, porque nos outros lugares tudo está contaminado e perdido pela República. Ali, porém, nem é preciso trabalhar, é a terra da promissão, onde corre um rio de leite e são de cuscuz de milho as barrancas.”
Chegavam.
Deparavam o Vaza-Barris seco, ou empanzinado, volvendo apenas águas barrentas das enchentes, entre os flanc entorroados das colinas...
Tinham esvaecida a miragem feliz; mas não se despeavam o misticismo lamentável...
CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Três, 1984
Em “Os Sertões”, Euclides da Cunha relata as batalhas entre os homens liderados pelo beato Antônio Conselheiro e as tropas do governo republicano. Referente ao exceto acima, que
o narrador concorda com o ponto de vista dos “aliciadores da seita”.
o sertanejo abandonava seu credo ao deparar com a imagem real de Canudos.
o narrador apresenta uma imagem unilateral do arraial de Canudos.
o narrador faz uma citação de um discurso parodístico de marcas utópicas.
o sertanejo vivia melhor “nos outros lugares” do que em Canudos.