"Estou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde está eu? Preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim - enfim, mas que medo - de mim mesma." Clarice Lispector
O ser humano sempre buscou satisfazer suas necessidades, mas com a expansão da cultura digital, os limites de tempo necessários para realizar uma ação e obter seu resultado foram bastante reduzidos.
Como você se sente quando a internet está lenta, sua mensagem foi visualizada, mas não respondida, ou o delivery que você pediu demora? (Fellipelli, 2022).
A paciência tornou-se algo raro, pois ninguém sabe mais esperar - para se ter uma ideia, não se pode demorar mais que alguns minutos para responder a uma mensagem no WhatsApp e, até mesmo, os aplicativos não podem demorar para abrir (Furtado, 2023).
Para Douglas Rushkoff, professor de estudos de mídia na The New School University de Manhattan , a forma como nos relacionamos com o tempo deixou de ser linear.
Ao encontro disso, esse instante prolongado, a negligência do planejamento e essa postura inquietante que Clarice Lispector já ecoou são decorrentes da cultura do/da:
Transformação.
Incerteza.
Imediatismo.
Conduta.
Informação.