“Estava em marcha uma onda de protestos estudantis em todo o mundo que trazia agitadas cidades como Berlim, Paris, Berkeley e Tóquio. Através do mundo industrializado os estudantes ganharam as ruas às centenas de milhares. Em Paris, que sempre influenciou muito a elite brasileira, os estudantes se aliaram aos trabalhadores para obter importantes concessões do governo – salários mais altos para os trabalhadores e promessa de reorganização da antiquada estrutura universitária da França. Nos Estados Unidos o movimento de protesto chegou a ameaçar o apoio da população à guerra do Vietnã, tendo os estudantes desempenhado um papel fundamental. Estes fatos alarmaram os linhas-duras brasileiros, temerosos de que os protestos no Brasil se tornassem incontroláveis. ”
(Skidmore, Thomas. Brasil: de Castelo a Tancredo. São Paulo: Paz e Terra, 2000, p. 161)
O trecho acima expõe uma característica do movimento estudantil de diferentes partes do mundo durante o ano de 1968: a tomada de posições políticas diante das diferentes realidades.
Sobre a atuação do movimento estudantil brasileiro no ano de 1968, é correto afirmar que
os estudantes brasileiros permaneceram, em sua maioria, indiferentes ao seu contexto político. O maior interesse no momento eram os Festivais de Música Popular, em que as questões políticas não recebiam a devida atenção. Assim, a opção pela luta armada ficou restrita ao operariado brasileiro.
a maior parte do movimento estudantil brasileiro posicionou-se contrária à Ditadura Militar. São exemplos desse posicionamento a passeata dos Cem Mil após a morte do secundarista Edson Luís, a repressão policial ao XXX Congresso da UNE e o ingresso de muitos estudantes à luta armada.
o Movimento Estudantil atuou ativamente pela abertura política brasileira, integrando e organizando passeatas e movimentos contra a Ditadura Militar. Exemplos marcantes são o apoio à luta pela Anistia e sua participação no Movimento das Diretas Já.
os episódios da Passeata dos Cem Mil no RJ, da Batalha da Rua Maria Antônia em SP e da organização do XXX Congresso da UNE em Ibiúna demonstram que o movimento estudantil, durante todo o ano de 1968, permaneceu alienado das questões políticas brasileiras.
a maioria dos estudantes brasileiros, durante o ano de 1968, ingressou na luta armada contra a Ditadura Militar. Posicionando-se sempre à esquerda, o movimento estudantil dedicou-se exclusivamente às questões de ordem política, priorizando o treinamento guerrilheiro em Cuba e a leitura dos clássicos marxistas.