Estamos, pois, de acordo quando, ao ver algum objeto, dizemos: "Este objeto que estou vendo agora tem tendência para assemelhar-se a um outro se, mas, por ter defeitos, não consegue ser tal como o seu em questão, e lhe é, pelo contrário, inferior". Assim, para podermos fazer estas reflexões, é necessário que antes tenhamos tido ocasião de conhecer esse ser de que se aproxima o dito objeto, ainda que imperfeitamente.
PLANTÃO, Fédon. São Paulo: Abril Cultural, 1972.
Na epistemologia platônica, conhecer um determinado objeto implica
estabelecer semelhanças entre o que é observado em momentos distintos.
comparar o objeto observando com uma descrição detalhada dele.
descrever corretamente as características do objeto observado.
fazer correspondência entre o objeto observando e seu ser.
identificar outro exemplar idêntido ao observado.
A questão aborda a epistemologia platônica, ou seja, a teoria do conhecimento segundo Platão, utilizando um trecho do diálogo "Fédon". O texto descreve o processo de reconhecimento de um objeto sensível (aquele que percebemos pelos sentidos).
1. Interpretação do Texto: O trecho afirma que, ao vermos um objeto ("Este objeto que estou vendo agora"), percebemos que ele "tem tendência para assemelhar-se a um outro ser". No entanto, essa semelhança é imperfeita, pois o objeto observado tem "defeitos" e é "inferior" a esse "outro ser".
2. Conexão com a Teoria das Formas: Na filosofia de Platão, o "outro ser" mencionado no texto corresponde à Forma (ou Ideia) perfeita e imutável desse objeto, que existe no Mundo das Ideias. O objeto que vemos no mundo sensível é apenas uma cópia imperfeita dessa Forma. Por exemplo, uma cadeira específica que vemos é uma cópia imperfeita da Forma/Ideia de "Cadeira".
3. O Ato de Conhecer: O texto continua dizendo que, para fazermos essa comparação e reconhecermos a imperfeição do objeto sensível, "é necessário que antes tenhamos tido ocasião de conhecer esse ser de que se aproxima o dito objeto". Isso remete à ideia platônica da anamnese (reminiscência), segundo a qual a alma humana já conheceu as Formas antes de encarnar e o aprendizado consiste em recordar esse conhecimento.
4. Análise da Pergunta: A pergunta pede para identificar o que implica conhecer um objeto na epistemologia platônica, com base no texto.
5. Avaliação das Alternativas: * A alternativa A foca na comparação temporal do mesmo tipo de objeto, não na comparação com a Forma. * A alternativa B sugere uma comparação com uma descrição, não com a essência (Forma). * A alternativa C limita o conhecimento à descrição empírica, o que é insuficiente para Platão. * A alternativa D propõe a "correspondência entre o objeto observando e seu ser". O "objeto observando" é a cópia sensível, e "seu ser" é a sua essência, a Forma ideal. Essa correspondência (comparação) é exatamente o que o texto descreve como processo de reconhecimento/conhecimento. * A alternativa E fala em comparar com outro exemplar físico idêntico, não com a Forma ideal.
6. Conclusão: Portanto, conhecer um objeto, na perspectiva apresentada, envolve reconhecer sua relação com sua Forma ou Ideia (seu "ser"), percebendo-o como uma cópia imperfeita dessa essência ideal. Isso corresponde à alternativa D.
Revisão de Conceitos Essenciais: