Essa parte da História, que agora chega ao fim, poderia ser chamada, na falta de nome melhor, de era do hardware, ou modernidade pesada — a modernidade obcecada pelo volume, uma modernidade do tipo “quanto maior, melhor”, “tamanho é poder, volume é sucesso”. A mudança em questão é a nova irrelevância do espaço, disfarçada de aniquilação do tempo. No universo de software da viagem à velocidade da luz, o espaço pode ser atravessado, literalmente, em “tempo nenhum”; cancela-se a diferença entre “longe” e “aqui”. O espaço não impõe mais limites à ação e seus efeitos, e conta pouco, ou nem conta. Perdeu seu “valor estratégico”, diriam os especialistas militares.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro. Zahar. 2014, adaptado.
Bauman, na sua contribuição sobre debate da modernidade e pós-modernidade, destaca duas formas de modernidade: a modernidade pesada e a modernidade leve. Essa modernidade leve se caracterizaria pela:
instantaneidade do tempo e desengajamento das relações.
corporificação do trabalho e volatilidade do capital.
valorização do espaço e descorporifi cação do trabalho.
desvalorização do espaço e engajamento das relações.
incertezas do movimento e rotinização do tempo.