Espaço e memória
O termo “Na minha casa...” é uma metáfora que guarda múltiplas acepções para o conjunto de pessoas, de adeptos, dos que creem nos orixás. Múltiplos deuses que a diáspora negra trouxe para o Brasil. Refere-se ao espaço onde as comunidades edificaram seus templos, referência de orgulho, aludindo ao patrimônio cultural de matriz africana, reelaborado em novo território.
O espaço é fundamental na constituição da história de um povo. Halbwachs (1941, p. 85), ao afirmar que “não há memória coletiva que não se desenvolva em um quadro espacial”, aponta para a importância de aspecto tão significativo no desenvolvimento da vida social.
Lugar para onde está voltada a memória, onde aqueles que viveram a condição-limite de escravo podiam pensar-se como seres humanos, exercer essa humanidade e encontrar os elementos que lhes conferiam e garantiam uma identidade religiosa diferenciada, com características próprias, que constituiu um “patrimônio simbólico do negro brasileiro (a memória cultural da Africa), afirmou-se aqui como território político-mítico-religioso para sua transmissão e preservação” (SODRE, 1988, p. 50).
BARROS, J. F. P. Na minha casa. Rio de Janeiro: Pallas, 2008.
Na construção desse texto acadêmico, o autor se vale de estratégia argumentativa bastante comum a esse gênero textual, a intertextualidade, cujas marcas são
aspas, que representam o questionamento parcial de um ponto de vista.
citações de autores consagrados, que garantem a autoridade do argumento.
construções sintáticas, que privilegiam a coordenação temporal de argumentos.
comparações entre dois pontos de vista, que são antagônicos.
parênteses, que representam uma digressão para as considerações do autor.
O objetivo da questão é identificar a estratégia argumentativa da intertextualidade utilizada no texto acadêmico apresentado e reconhecer suas marcas.
Intertextualidade: Refere-se à relação que um texto (oral ou escrito) estabelece com outros textos previamente existentes. É o diálogo entre textos. Em textos acadêmicos, manifesta-se frequentemente através de:
Estratégia Argumentativa: É um recurso utilizado pelo autor para defender seu ponto de vista e convencer o leitor. A intertextualidade, especialmente através de citações de autoridade (autores reconhecidos em determinada área), é uma estratégia comum para fortalecer a argumentação, demonstrar conhecimento sobre o tema e situar o próprio trabalho no contexto de um debate acadêmico.
Texto Acadêmico: Gênero textual (artigo, tese, dissertação) que circula na esfera científica/acadêmica, caracterizado pela objetividade, clareza, uso de linguagem formal e, frequentemente, pela presença de intertextualidade (citações, referências) para fundamentar argumentos e dialogar com pesquisas anteriores.
Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, chantagem, entre outras.