Era enorme o esforço desenvolvido pelas agências de propaganda e informação do regime no intuito de moldar a cabeça de Vargas de modo a que ela fosse reveladora de facetas que escapassem da esfera do homem comum. O lado humano não era negligenciado: Vargas surge sempre sorridente, jovial, confiante. Entretanto, é mais constante nessa composição o casamento de perfis derivados da excepcionalidade de sua pessoa com os perfis de homem público, desdobrados ao político capaz e reformador social.
(Alcir Lenharo. Sacralização da política, 1986.)
O texto trata da propaganda política governamental durante o governo ditatorial de Getúlio Vargas (1937-1945) e enfatiza
o reconhecimento do autoritarismo do presidente, que não admitia ser comparado e equiparado a seus compatriotas.
a ausência de mecanismos adequados para a divulgação dos projetos e das realizações do presidente.
o descompasso entre a figura pública do presidente, sempre circunspecto e afastado das manifestações populares, e suas características pessoais.
a construção da figura do governante como um ser humano especial, capaz de unificar e liderar os brasileiros na construção do futuro nacional.
o compromisso do governante com os interesses das massas e com a ampliação do espaço de participação política dos trabalhadores.