Entre o Ser e as Coisas
Onda e amor, onde amor, ando indagando
ao largo vento e à rocha imperativa,
e a tudo me arremesso, nesse quando
amanhece frescor de coisa viva.
Às almas, não, as almas vão pairando,
e, esquecendo a lição que já se esquiva,
tornam amor humor, e vago e brando
o que é de natureza corrosiva.
N’água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.
E nem os elementos encantados
sabem do amor que os punge e que é, pungindo,
uma fogueira a arder no dia findo.
• O poema acima é de Carlos Drummond de Andrade e integra a obra Claro Enigma. Da leitura dele não se pode concluir que
é um poema de extração filosófica, pois se apoia em indagação sobre a existência e as complicações do amor.
constrói-se com citações/referências tanto de obras da poesia brasileira quanto do que há de melhor na poesia portuguesa.
afirma que o amor se manifesta em linguagem clara e objetiva e deixa suas marcas apenas sobre os corpos líquidos de forma indelével e definitiva.
é um texto que se estrutura em forma fixa, com rimas e métrica convencionais, nos moldes da poesia clássica.