Em seu livro mais recente, Número zero, o escritor italiano Umberto Eco trata do editor de uma publicação que nunca vê a luz do dia – apenas monta dossiês apócrifos*, como os que a cada dois anos reaparecem nas eleições brasileiras, e com eles faz chantagem em busca de dinheiro.
Aos 83 anos, o autor de O nome da rosa está preocupado com o predomínio do que chama de “máquina de lama” no jornalismo profissional. Acredita que a função da imprensa séria será cada vez mais ajudar seus leitores a discernir o trigo do joio, que se encontra amplificado e tratado como verdade na internet.
O escritor não tem boas palavras para as redes sociais. Há um mês, ao receber o título de doutor honoris causa na Universidade de Turim, disse que “a mídia social dá voz a uma legião de imbecis, que antes falava apenas no bar depois de beber uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade”.
“Hoje eles têm o mesmo direito de palavra de um Prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis”, afirmou, no discurso de agradecimento. “O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade.”
As palavras soam duras e reducionistas. O saldo da popularização da internet e da facilidade de divulgação de opiniões que dela advém é mais positivo que negativo. Hoje, qualquer pessoa com uma conexão ou um celular diz em poucos segundos o que pensa sobre qualquer tema e, em países como a Itália ou o Brasil, sem censura.
O problema é que, assim como nos bares, no Facebook, no Twitter e no Instagram, os imbecis fazem mais barulho que os sensatos.
E – como mostram episódios recentes de intolerância e racismo envolvendo jornalistas, artistas e figuras políticas – parecem ter mais admiradores.
(Folha de S.Paulo, 12.07.2015. Adaptado.)
* apócrifos: textos que não são reconhecidos como verdadeiros ou têm autoria duvidosa.
A frase reescrita que mantém o sentido do texto e está correta quanto à regência verbal e nominal é:
O drama da internet é que ela converteu o idiota da aldeia em portador da verdade.
Há um mês, ao ser agraciado do título de doutor honoris causa na Universidade de Turim, disse que a mídia social dá voz a uma legião de imbecis.
A mídia social dá voz a uma legião de imbecis, que antes falava apenas no bar sem causar danos com a coletividade.
O autor de O nome da rosa está apreensivo sob o predomínio do que chama de “máquina de lama” no jornalismo profissional.
Hoje eles se equiparam por um Prêmio Nobel, é a invasão dos imbecis.