Em Auto da barca do inferno (1516), de Gil Vicente, o “Judeu” é o único personagem que solicita entrar no batel infernal, mas mesmo assim sua alma é preterida pelo “Diabo”. Este se recusa a embarcar o bode que o “Judeu” traz consigo e indica-lhe o batel do “Anjo”. O “Judeu”, contudo, não consegue dirigir a palavra ao “Anjo”, e acaba indo a reboque no barco do “Diabo”, que, com estas palavras, aceita-o: “Vós, Judeu, ireis à toa, que sois mui ruim pessoa”. O mau juízo que a obra faz dos judeus tem origem em uma conjuntura histórica particular, vigente no final do século XV e início do século XVI. Assinale a alternativa que explicita essa conjuntura:
A conversão compulsória dos judeus em cristãos novos, sob pena de serem expulsos de Portugal, e que teve como razão central a determinação da Casa de Bragança de unificar a religião em todo o reino e dominar a Espanha.
A guerra de reconquista do território português, ocorrida em fins do século XIV, que foi prejudicada pela deserção de judeus do serviço militar compulsório – o que levou Portugal a se valer da ação de mercenários.
A proibição da religião judaica na Península Ibérica, a expulsão dos judeus e ou a sua conversão obrigatória ao cristianismo.
A proibição da religião judaica em Portugal, em 1492, por ordem dos reis católicos Fernando e Isabel, que perseguiram judeus e muçulmanos com o objetivo de monopolizar suas atividades financeiras.
A perseguição política aos judeus levada a cabo pela burguesia ascendente de Portugal, que almejava conquistar as rotas comerciais do Oriente, controladas por eles, e se apropriar de suas riquezas.
Para resolver essa questão, devemos relacionar o julgamento negativo do “Judeu” em Gil Vicente com o contexto histórico que motivou a representação depreciativa dos judeus no início do século XVI. A obra data de 1516 e reflete as políticas de proibição do judaísmo, expulsão e conversão forçada na Península Ibérica. Após identificar esse contexto, compararemos cada alternativa e verificaremos qual descreve corretamente essa conjuntura histórica.
Revisão de conceitos