Em 1740, o português Domingos Dias da Silva era um capitão de navio que transportava tecidos, aguardente, vinho e armas de fogo para Luanda, o maior porto ligado ao tráfico de escravos em Angola, então uma colônia portuguesa. Silva vendia as mercadorias e recebia parte do pagamento na forma de escravos. Depois de entregar os escravos no Brasil, enchia os porões de açúcar e voltava para Lisboa, fechando uma viagem que poderia ter começado dois anos antes.
(Carlos Fioravanti. “Os banqueiros do tráfico”. Pesquisa FAPESP, maio de 2015. Adaptado.)
A descrição da longa viagem realizada pelo capitão Domingos Dias da Silva contém informações significativas sobre
a desarticulação dos numerosos territórios do império português e o desenvolvimento de um comércio de escravos à margem do controle de Portugal.
a constituição de uma burguesia no Brasil, enriquecida com a exploração de escravos e a formação de grupos sociais antagônicos à metrópole.
o impacto das atividades mercantis na sociedade tradicional portuguesa e o surgimento de uma burguesia antiabsolutista com o comércio de escravos.
a ausência de dinamismo comercial no conjunto do império lusitano e a crise prolongada da agricultura escravista brasileira.
o movimento de pessoas e mercadorias no império português e o processo de acumulação de capital ligado ao tráfico de escravos.