ENEM 2013 segunda aplicação

A questão pede uma explicação para a especificidade da ocupação da região de Minas Gerais na América portuguesa, caracterizada no texto como a mais urbanizada, com muitas vilas e arraiais.

1. Interpretação do Texto-Base: O texto de Eduardo França Paiva destaca que Minas Gerais, diferentemente de outras capitanias, possuía uma intensa urbanização, com uma rede de vilas e arraiais e grande circulação de pessoas. Isso contrasta com a lógica de ocupação de outras regiões, como o Nordeste açucareiro, marcado por grandes propriedades rurais (engenhos) e uma população mais dispersa.
2. Contextualização Histórica: No século XVIII, Minas Gerais tornou-se o centro econômico da colônia devido à descoberta de ouro e diamantes. Essa atividade mineradora atraiu um enorme contingente populacional em busca de enriquecimento rápido.
3. Análise da Atividade Econômica e suas Consequências: A mineração, diferentemente da agricultura de plantation, exigia mão de obra concentrada e promovia o surgimento de núcleos urbanos para dar suporte à atividade (moradia, comércio, serviços). Além disso, a Coroa Portuguesa tinha extremo interesse em controlar a exploração e a arrecadação de impostos sobre o ouro (como o "quinto").
4. Relação entre Fiscalização e Urbanização: Para garantir o controle e a cobrança de impostos sobre a produção aurífera, a Coroa implementou um forte aparato administrativo e fiscal na região. Foram criadas vilas e cidades que funcionavam como centros administrativos e de fiscalização (ex: instalação das Casas de Fundição, onde o ouro era quintado). A necessidade de controlar a circulação de pessoas e de ouro, bem como administrar a região e coletar impostos, levou à concentração populacional e ao desenvolvimento de múltiplos centros urbanos, como descrito no texto.
5. Avaliação das Alternativas:
   • A alternativa A (apropriação cultural) não explica a lógica de ocupação espacial e urbanização.
   • A alternativa B (produção manufatureira) está incorreta, pois a economia era primariamente extrativista (mineração), e as manufaturas eram limitadas ou mesmo proibidas pela Coroa. O exclusivo comercial existia em toda a colônia, não explicando a especificidade de Minas.
   • A alternativa C (insubordinação religiosa) não é o fator principal da urbanização, embora a religiosidade fosse importante na sociedade mineira.
   • A alternativa D (fiscalização estatal e particularidades econômicas) conecta corretamente a principal atividade econômica (mineração) e a consequente necessidade de controle e fiscalização pelo Estado português com o padrão de urbanização descrito. A intensa fiscalização exigiu a criação de centros administrativos e urbanos.
   • A alternativa E (autonomia administrativa) é o oposto do que ocorreu. A importância econômica do ouro levou a um controle metropolitano *mais* rígido, e não a uma maior autonomia.
6. Conclusão: A especificidade da urbanização de Minas Gerais está diretamente ligada à sua particularidade econômica (mineração) e à intensa fiscalização estatal implementada pela Coroa Portuguesa para controlar a extração e taxação do ouro, o que fomentou a criação e o crescimento de vilas e arraiais como centros administrativos e de controle. Portanto, a alternativa D é a correta.