É notório que José de Alencar, Machado de Assis e João Guimarães Rosa são alguns dos expoentes da literatura brasileira. A respeito da obra, do estilo e das características dos autores, é correto afirmar que
embora os espaços trabalhados por Assis e Rosa divirjam, o viés analítico-psicológico é uma constante na obra de ambos, que, inspirados pelas teorias de Sigmund Freud, desnudam o interior dos personagens, explicitando o binômio aparência X essência. Observa-se, majoritariamente, esse aspecto nas personagens femininas das obras lidas.
Alencar reestrutura a prosa romântica local com base na abordagem linguística. Consciente de seu papel como elemento desencadeador de uma consciência nacional, o autor refuta as tentativas de um “abrasileiramento linguístico”, defendendo a pureza da língua lusitana, segundo o autor, a língua representativa do país que deve, por isso, ser respeitada e mantida.
Rosa, em meados do século XX, e Alencar, cerca de cem anos antes, provocam uma reflexão com base no estilo de escrita de cada um: Alencar, por defender a ideia de a nacionalidade apoiar-se primeiramente sobre a língua, que só pode ser modificada pelo povo; Rosa, por inovar a linguagem, com base na apropriação da oralidade, de hibridismos, de estrangeirismos e de regionalismos.
embora se situem em estéticas literárias distintas, Alencar e Assis apresentam características comuns, podendo-se considerar Alencar um precursor do Realismo no Brasil. São elementos comuns nas obras desses autores a destruição da linearidade narrativa, a análise psicológica, a ausência de maniqueísmo, o pessimismo, o humor ácido e a síntese entre os aspectos particular, local e universal.
a relevância da obra alencariana se dá pelo diálogo temático que estabelece com Rosa e Assis. No regionalismo, a descrição dos espaços físicos – em especial o tratamento dado ao sertão mineiro – é retomada por Guimarães Rosa em seus contos. Na abordagem urbana, alguns aspectos de sua obra – como o casamento por interesse e a fragilidades das relações humanas – serão ponto de partida para as obras machadianas.