“E depois de beber um gole de licor, pousou o cálix, e expôs-me a história da criação, com palavras que vou resumir.
Deus é o poeta. A música é de Satanás, jovem maestro de muito futuro, que aprendeu no conservatório do céu. Rival de Miguel, Rafael e Gabriel, não tolerava a precedência que eles tinham na distribuição dos prêmios. Pode ser também que a música em demasia doce e mística daqueles outros condiscípulos fosse aborrecível ao seu gênio essencialmente trágico. Tramou uma rebelião que foi descoberta a tempo, e ele expulso do conservatório. Tudo se teria passado sem mais nada, se Deus não houvesse escrito um libreto de ópera, do qual abrira mão, por entender que tal gênero de recreio era impróprio da sua eternidade.”
Dom Casmurro, Machado de Assis.
A partir da leitura do trecho acima, de Dom Casmurro, de Machado de Assis, e dos trechos apresentados nas questões marque a afirmativa correta.
As alegorias construídas pelo narrador de Dom Casmurro e Padre Antônio Vieira são recursos da oratória, já que tanto um quanto outro compõem sermões.
O narrador de Dom Casmurro, a exemplo de Padre Antônio Vieira, cria uma alegoria.
O narrador de Dom Casmurro parafraseia uma personagem, contando uma história que ouviu.
O narrador de “Verdes canas de agosto” descreve Isabel comparando-a com a personagem Capitu, de Dom Casmurro, assim como faz Bentinho ao colocar Satanás como “um jovem maestro”.
Tanto na rubrica de Chico Buarque quanto nos trechos do conto de Faraco e do romance de Machado, sobressai-se o gênero descritivo, a fim de dar a conhecer as personagens.