Albert Einstein 2019
Duas espécies de raposas do Brasil, separadas há milhares de anos pela mata atlântica, estão cruzando entre si e produzindo filhotes híbridos, talvez porque a derrubada da maior parte da floresta tenha eliminado a principal barreira que existia entre elas. As raposas são a raposinha-do- -campo (Lycalopex vetulus), típica do cerrado, e o graxaim- -do-campo (Lycalopex gymnocercus), natural dos pampas gaúchos. Pesquisadores fizeram a primeira confirmação desse cruzamento ao analisarem dois animais classificados morfologicamente como L. vetulus, mas que apresentavam DNA mitocondrial de L. gymnocercus. A pesquisa prosseguiu analisando-se também o DNA nuclear das células de outros animais coletados. Seis raposinhas-do-campo tinham características de híbridos, inclusive a segunda geração (ou seja, netos do cruzamento original entre as duas espécies). Cinco delas tinham o DNA mitocondrial de graxaim e uma delas apresentou sinais de hibridização apenas no DNA nuclear.
(Folha de S.Paulo, 05.04.2017. Adaptado.)
Com base em conhecimentos sobre os mecanismos evolutivos e especiação, conclui-se que as duas espécies de raposas
passaram por um processo de convergência adaptativa que as levou ao isolamento reprodutivo e à especiação.
originaram-se de um grupo ancestral, mas o isolamento geográfico não as levou ao isolamento reprodutivo.
possuem isolamento reprodutivo pré-zigótico, mas não isolamento reprodutivo pós-zigótico.
passaram por um processo de especiação simpátrica durante o qual perderam o isolamento reprodutivo.
originaram-se por seleção artificial e por isso mantiveram suas características reprodutivas.
Resolução
Solução detalhada
Os dados do enunciado revelam:
- Duas espécies (Lycalopex vetulus e L. gymnocercus) estiveram separadas geograficamente pela Mata Atlântica durante milhares de anos.
- A derrubada da floresta eliminou a barreira física, permitindo o contato.
- Foram encontrados indivíduos com DNA mitocondrial de uma espécie e DNA nuclear com sinais da outra, provando hibridização fértil (há netos do cruzamento original).
Isso indica que:
- As duas raposas descendem de um ancestral comum; portanto houve um processo de especiação alopátrica inicial (geográfico).
- Entretanto, o isolamento geográfico não evoluiu até se tornar um isolamento reprodutivo efetivo; por isso, quando a barreira desapareceu, o fluxo gênico voltou a ocorrer.
A alternativa que expressa exatamente essa interpretação é a letra B:
“originaram-se de um grupo ancestral, mas o isolamento geográfico não as levou ao isolamento reprodutivo.”
Dicas
Erros Comuns
Conceitos-chave
- Especiação alopátrica: formação de novas espécies quando populações de uma espécie ancestral se separam por barreiras geográficas (ex.: montanhas, florestas, rios).
- Isolamento reprodutivo: conjunto de mecanismos que impedem fluxo gênico entre populações. Pode ser pré-zigótico (impede fecundação) ou pós-zigótico (híbridos inviáveis/estéreis).
- Hibridização fértil: cruzamento entre espécies que produz descendentes férteis, evidência de ausência (ou incompletude) de isolamento reprodutivo.
- DNA mitocondrial: herdado apenas da mãe; se uma raposa morfologicamente de uma espécie carrega mtDNA da outra, houve cruzamento inter-específico.
