Dois estilos de colonização se inauguraram no norte e no sul do Novo Mundo. Lá, o gótico altivo de frias gentes nórdicas. Para eles, o índio era um detalhe, sujava a paisagem, que, para se europeizar, deveria livrar-se deles. Cá, o barroco das gentes ibéricas, mestiçadas, que se mesclavam com os índios. Um, a tolerância soberba e orgulhosa dos que se sabem diferentes. Outro, a tolerância opressiva de quem quer conviver reinando sobre os corpos e as almas dos cativos, porque toda a diferença lhe é intolerável.
Darcy Ribeiro. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995 (com adaptações).
Considerando o texto e a obra reproduzida acima — O Último Tamoio —, de Rodolfo Amoedo, julgue o item.
A partir do texto e da obra de arte apresentados acima, assinale a opção correta.
Na obra O Último Tamoio, é retratada a cena em que um padre, com pesar, ampara um tamoio, o que evidencia relação de respeito aos indígenas, constatada também na incorporação da criação artística indígena aos ensinamentos artísticos da escola jesuíta no Brasil.
Com a chegada da Missão Francesa ao Brasil, em 1816, o Barroco brasileiro fortaleceu-se no que tinha de mais genuíno: a arte indígena.
Nas obras influenciadas pelo Indianismo, termo cunhado por críticos literários brasileiros, o indígena era retratado como herói nacional, tendência que se observa na obra O Último Tamoio, criada no contexto do movimento nacionalista do século XIX.
Exemplar do Barroco brasileiro, a obra O Último Tamoio caracteriza-se pelo contraste entre a incidência de luz clara na figura do índio e o tom escuro das vestes do jesuíta, o que revela resquícios do academicismo.