De um ponto de vista político, achávamos que a ditadura militar era a antessala do socialismo e a última forma de governo possível às classes dominantes no Brasil. Diante de nossos olhos apocalípticos, ditadura e sistema capitalista cairiam juntos num único e harmonioso movimento. A luta especificamente política estava esgotada.
GABEIRA, F. Carta sobre a anistia: a entrevista do Pasquim. Conversação sobre 1968. Rio de Janeiro: Ed. Codecri, 1980.
Compartilhando da avaliação presente no texto, vários grupos de oposição ao Regime Militar, nos anos 1960 e 1970, lançaram-se na luta política seguindo a estratégia de
aliança com os sindicatos e incitação de greves.
organização de guerrilhas no campo e na cidade.
apresentação de acusações junto à Anistia Internacional.
conquista de votos para o Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
mobilização da imprensa nacional a favor da abertura do sistema partidário.
A questão pede para identificar a estratégia de luta política adotada por grupos de oposição ao Regime Militar que compartilhavam da visão expressa no texto de Fernando Gabeira.
1. Análise do Texto-Base: O texto descreve uma perspectiva específica de alguns opositores nos anos 1960/70. Pontos-chave: * A ditadura era vista como a "antessala do socialismo", ou seja, uma etapa final e necessária antes da revolução socialista. * A ditadura era considerada a "última forma de governo possível às classes dominantes", indicando uma crise terminal do sistema capitalista. * Havia uma crença "apocalíptica" de que a ditadura e o capitalismo cairiam juntos. * Fundamentalmente, acreditava-se que "A luta especificamente política estava esgotada". Isso significa que os meios tradicionais de fazer política (eleições, debates parlamentares, manifestações pacíficas, greves dentro da legalidade possível) eram considerados ineficazes ou insuficientes para derrubar o regime e o sistema.
2. Conexão com as Estratégias: A crença de que a luta política tradicional estava esgotada e a visão de um colapso iminente do sistema apontam para a adoção de métodos mais radicais e fora da institucionalidade imposta pelo regime.
3. Avaliação das Alternativas: * A (Sindicatos e greves): Embora importantes, greves e ações sindicais ainda se enquadram, em certa medida, no campo da luta política e social tradicional, que o texto afirma estar "esgotada" para esses grupos. * B (Guerrilhas): A organização de guerrilhas urbanas e rurais representa a opção pela luta armada, uma ruptura radical com a política tradicional e institucional. Essa estratégia se alinha diretamente com a percepção de que os meios políticos convencionais estavam esgotados e que era necessário um confronto direto e violento para derrubar o regime e o sistema capitalista, conforme a visão "apocalíptica" mencionada. * C (Anistia Internacional): Denunciar violações a organismos internacionais é uma forma de pressão política e de direitos humanos, mas não reflete a ideia de esgotamento da política ou a busca por uma derrubada iminente do sistema pela força. * D (Votos para o MDB): Atuar dentro do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), o partido de oposição consentido pelo regime, é a própria definição de participar da luta política institucional, exatamente o que o texto diz que esses grupos consideravam "esgotada". * E (Mobilização da imprensa): Usar a imprensa para defender a abertura política também é uma tática dentro do espectro da luta política e de opinião, não a ruptura radical implícita no texto.
4. Conclusão: A estratégia que melhor corresponde à visão descrita no texto – esgotamento da política tradicional e iminência da queda do sistema – é a organização de guerrilhas, ou seja, a luta armada.
Portanto, a alternativa correta é a B.
Revisão de Conceitos Essenciais: