De Binóculo
Abaixando o copázio
empunhando o espadim
levantando o corpanzil
indiferente ao poviléu
o homenzarrão abriu a bocarra
fitando admirado
a naviarra do capitorra
(Carlos Saldanha, In: 26 poetas hoje, RJ: Aeroplano, 2001)
A partir da associação de texto e contexto, a alternativa que melhor explica o título do poema é:
Todos os verbos presentes nos versos estão no gerúndio para criar a sensação de prolongamento e dilatação, características do instrumento mencionado no título.
A presença de aumentativos é um recurso que procura simular o efeito das imagens veiculadas por meio das lentes de um binóculo.
A legitimação poética traz um efeito paradoxal, já que o binóculo se opõe à constante presença de substantivos no diminutivo.
Os versos desse poema valorizam um padrão linguístico erudito que amplifica a arte poética, metaforicamente representada pelo instrumento óptico.
A flexão dos substantivos sugere um procedimento antitético promovido pelo jogo equilibrado de oposições entre o aumentativo e o diminutivo, como se o poeta buscasse o foco em um binóculo.