Corpo de Bombeiro Militar do Espírito Santo 2018

TEXTO I

Por que a diversão é tão útil para a humanidade

Por Pâmela Carbonari

Quem ama o tédio, divertido lhe parece. Apesar da diversão ser um conceito tão relativo quanto a beleza, a paródia do ditado é tão verdadeira quanto a de que a necessidade é a mãe da invenção.

[…]

O escritor de ciência americano Steven Johnson acredita que o prazer é o motor da inovação. Em seu décimo livro, O poder inovador da diversão: como o prazer e o entretenimento mudaram o mundo, lançado no Brasil pela editora Zahar, ele mostra a importância da música, dos jogos, da mágica, da comida e de outras formas de diversão para chegarmos onde estamos e para que tipo de futuro esses passatempos nos levarão.

[…]

Do jogo de dardos veio a estatística. A flauta de osso pode ser a ancestral do computador que você lê este artigo. As caixas de música serviram de inspiração para os teares. Com uma prosa leve e bemhumorada (à prova de hipocrisias), Johnson explica como tecnologias fundamentais para o nosso tempo nasceram e evoluíram de objetos e engrenagens que não tinham outro objetivo senão entreter. [...]

Somos naturalmente hedonistas. E, como você diz, a diversão ajudou a moldar a humanidade. Você acha que o prazer é a chave para a inteligência?

Eu não diria que o prazer é “a” chave para a inteligência, mas sim que é um elemento subestimado de inteligência. Em outras palavras, tendemos a supor que pessoas inteligentes usam suas habilidades mentais em busca de problemas sérios que tenham clara utilidade ou recompensa econômica por trás deles. Mas o pensamento inteligente é muitas vezes desencadeado por experiências mais lúdicas, como os nossos ancestrais do Paleolítico que, esculpindo as primeiras flautas de ossos de animais, descobriram como posicionar os buracos para produzir os sons mais interessantes. Essas inovações exigiram uma grande dose de inteligência – dado o estado do conhecimento humano sobre a música e o design de instrumentos há 50 mil anos – mas esse tipo de coisa não era “útil” em nenhum sentido tradicional.

A história da diversão sempre esteve à margem dos registros históricos mais sérios e práticos, como guerras, poder e igualdade, por exemplo. Você acha que a diversão estava implícita nesses eventos ou foi ignorada pelos historiadores?

Acho que tem sido amplamente ignorada pelos historiadores. E quando foi observada e narrada, os relatos históricos foram muito limitados: há histórias sobre moda, jogos ou temperos, mas como narrativas separadas. Olhamos para a longa história da civilização de maneira diferente se contarmos a história do comportamento “lúdico” como uma categoria mais abrangente – esse era meu objetivo ao escrever O poder inovador da diversão. Essa história é muito mais importante que a maioria das pessoas imagina.

Nesse seu último livro, você diz que os prazeres inúteis da vida geralmente nos dão uma pista sobre futuras mudanças na sociedade. O que podemos prever para o futuro a partir dos nossos prazeres mais comuns agora?

Provavelmente o melhor exemplo recente foi a mania de Pokémon Go. Eu posso imaginar-nos olhando para trás em 2025, quando muitos de nós estarão usando regularmente dispositivos de realidade aumentada para resolver “problemas sérios” no trabalho, e vamos perceber que a primeira adoção dominante dessa tecnologia veio de pessoas correndo pelas cidades capturando monstros japoneses imaginários em seus telefones.

Por que a humanidade precisa se divertir?

Esta é uma questão verdadeiramente profunda. Algumas coisas que consideramos divertidas (sexo, comida, por exemplo) têm claras explicações evolutivas sobre por que nossos cérebros devem achá-las prazerosas. Mas o tipo de diversão que descrevo em O Poder Inovador da Diversão – o prazer de ver uma boneca robô imitar um humano, ou a diversão de jogar um jogo de tabuleiro – é mais difícil de explicar. Eu acho que tem a ver com a experiência de novidade e surpresa; uma parte significativa de nossa inteligência vem do nosso interesse em coisas que nos surpreendem desafiando nossas expectativas. Quando experimentamos essas coisas, temos um pequeno estímulo que diz: “Preste atenção nisso, isso é novo”. E assim, ao longo do tempo, os sistemas culturais se desenvolveram para criar experiências cada vez mais elaboradas para surpreender outros seres humanos: desde as primeiras flautas de osso, até os novos e brilhantes padrões de tecido de chita, todas as formas de Pokémon Go. É uma história antiga; temos muito mais oportunidades e tecnologias para nos surpreender do que nossos ancestrais.

Adaptado de:<https://super.abril.com.br/blog/literal/por-que-a-diversao-e-tao-util-para-a-humanidade/>. Acesso em: 22 jun. 2018.

De acordo com o texto, assinale a alternativa correta.

a

O autor defende que as brincadeiras começam com invenções para agradar às crianças e desenvolvem-se até se tornarem úteis ao restante da sociedade.

b

O autor acredita que o desenvolvimento tecnológico pode influenciar surpreendentemente as invenções futuras, pois muitos aplicativos lúdicos podem dar origem a ferramentas utilitárias.

c

Para o autor, aplicativos utilizados, atualmente, com fins profissionais poderão ter fins lúdicos futuramente.

d

O autor culpa os historiadores de escreverem apenas aquilo que seja vendável, deixando assuntos como diversão, moda e culinária à parte dos relatos históricos.

e

As invenções criadas a partir de algo divertido são oriundas do ócio.

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Resposta
B

Resolução

Para responder corretamente a questão, é necessário compreender o texto e identificar qual das alternativas condiz melhor com a ideia principal apresentada pelo autor. A alternativa correta é a que estabelece uma ligação entre o desenvolvimento tecnológico e a maneira como ele pode gerar invenções úteis a partir de aplicativos inicialmente criados para entretenimento.

Dicas

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Tente identificar a principal argumentação do autor sobre a relação entre invenções lúdicas e utilitárias.

Leia atentamente cada alternativa e veja se ela realmente reflete a ideia apresentada no texto.

Elimine as opções que apresentam ideias contrárias ou que introduzem temas não mencionados no texto.

Erros Comuns

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Confundir a ordem na qual as invenções se tornam úteis para a sociedade.

Misinterpretar a direção da transformação de aplicações (de utilitárias para lúdicas ao invés de lúdicas para utilitárias).

Desviar o foco para uma crítica aos historiadores que não está no cerne do argumento principal do autor.

Associar invenções apenas ao conceito de ócio sem considerar o seu potencial transformador.

Revisão

É importante que o estudante saiba interpretar textos, identificando a ideia principal e as informações secundárias. O desenvolvimento da capacidade de compreensão leitora é essencial para o entendimento de diferentes contextos e argumentações apresentadas em um texto.

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