Câmara de Coronel Fabriciano 2017

Para não esquecer


Imagino que a escrita nasceu da necessidade de não esquecer. O primeiro pré-homem que pensou “preciso me lembrar disto” deve ter olhado em volta procurando alguma coisa que ele ainda não sabia o que era. Era um pedaço de papel e uma Bic. Claro que para chegar ao papel e à esferográfica tivemos que passar antes pelo risco com vara no chão, o rabisco com carvão na parede da caverna, o hieróglifo no tablete de barro etc.

Mas a angústia primordial foi a de perder o pensamento fugidio ou a cena insólita. Pense em quantas ideias não desapareceram para sempre por falta de algo que as retivesse na memória e no mundo. A história da civilização teria sido outra se, antes de inventar a roda, o homem tivesse inventado o bloco de notas.

As espécies que não desenvolveram a escrita valem-se da memória intuitiva. O salmão sabe, não sabendo, o caminho certo para o lugar onde nasceu e onde deve depositar seus ovos. Dizem que o elefante guarda na memória tudo que lhe acontece na vida, principalmente as desfeitas, mas vá pedir que ele bote seu ressentimento no papel. Já o homem pode ser definido como o animal que precisa consultar as suas notas. Nas sociedades não letradas, as lembranças sobrevivem na recitação reiterada e no mito tribal, que é a memória ritualizada. As outras dependem do memorando.

E mesmo com todas as formas de anotação inventadas pelo homem desde as primeiras cavernas, inclusive o notebook eletrônico, a angústia persiste. Estou escrevendo isto porque acordei com uma boa ideia para uma crônica e botei a ideia num papel. Normalmente não faço isto, porque sempre esqueço de ter um bloco de notas à mão para não esquecer a eventual ideia e porque sei, intuitivamente, que se tivesse o bloco de notas à mão a ideia viria no chuveiro.

Mas desta vez a ideia coincidiu com a proximidade de um pedaço de papel e um lápis e anotei-a assim que acordei. Não exatamente a ideia, mas uma frase que me faria lembrar da ideia. Estou com ela aqui. “Conhece-te a ti mesmo, mas não fique íntimo”.

E não consigo me lembrar de qual era a ideia que a frase me faria lembrar.

Algo sobre os perigos da autoanálise muito aprofundada? Sobre o pensamento socrático? Ou o quê? Não consigo me lembrar. Um consolo, numa situação destas, é pensar que se a ideia não é lembrada, é porque não era tão boa assim. Mas geralmente se pensa o contrário: as melhores ideias são as que a gente esqueceu. O que é terrível.


(Luiz Fernando Veríssimo, O Globo, 22/09/2011. Adaptado.)

De acordo com as classes de palavras relacione corretamente as colunas a seguir.


1. “Dizem que o elefante guarda na memória tudo que lhe acontece na vida,...” (3º§)

2. “Estou escrevendo isto porque acordei com uma boa ideia para uma crônica e botei a ideia num papel.” (4º§)

3. “As outras dependem do memorando.” (3º§)

4. “Conhece-te a ti mesmo, mas não fique íntimo”. (5º§)

5. “Não consigo me lembrar.” (6º§)


( ) Verbo.

( ) Advérbio.

( ) Pronome.

( ) Adjetivo.

( ) Substantivo.


A sequência está correta em

a

1, 2, 3, 4, 5.

b

3, 4, 5, 2, 1.

c

2, 5, 1, 3, 4.

d

4, 1, 2, 5, 3.

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Resposta
B
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