ESPM 2011/2

Datilografia

Traço, sozinho, no meu cubículo de engenheiro, o plano,

Firmo o projeto, aqui isolado,

Remoto até de quem eu sou.

Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro,

O tique-taque estalado das máquinas de escrever.

Que náusea da vida!

Que abjeção esta regularidade!

Que sono este ser assim!

Outrora, quando fui outro, eram castelos e cavaleiros

(Ilustrações, talvez, de qualquer livro de infância),

Outrora, quando fui verdadeiro ao meu sonho,

Eram grandes paisagens do Norte, explícitas de neve,

Eram grandes palmares do Sul, opulentos de verdes.

Outrora.

Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro,

O tique-taque estalado das máquinas de escrever.

Temos todos duas vidas:

A verdadeira, que é a que sonhamos na infância,

E que continuamos sonhando, adultos, num substrato de névoa;

A falsa, que é a que vivemos em convivência com outros,

Que é a prática, a útil,

Aquela em que acabam por nos meter num caixão.

Na outra não há caixões, nem mortes,

Há só ilustrações de infância:

Grandes livros coloridos, para ver mas não ler;

Grandes páginas de cores para recordar mais tarde.

Na outra somos nós,

Na outra vivemos;

Nesta morremos, que é o que viver quer dizer;

Neste momento, pela náusea, vivo na outra...

Mas ao lado, acompanhamento

banalmente sinistro,

Ergue a voz o tique-taque

estalado das máquinas

de escrever.

Álvaro de Campos, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, é o poeta angustiado do século XX, urbano, descrente dos valores tradicionais. Sobre o poema acima, assinale a afirmação NÃO condizente:

a

Nos primeiros versos, o trabalho em seu escritório é realçado pela solidão e perda da identidade.

b

Há uma oposição básica no texto entre a vida anterior, da infância, onírica, verdadeira e feliz, e a vida adulta presente, falsa e infeliz.

c

De teor niilista ou profundamente pessimista, o “eu” poético aponta o aspecto angustiante de uma existência repetitiva e enfadonha.

d

Ressalta a infeliz necessidade de se viver de aparências na sociedade, fato que aprisiona e mata o ser humano.

e

Lamenta o fato de não ter conseguido ler os “grandes livros coloridos” da infância, apenas visto suas ilustrações.

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E
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