Leia atentamente o texto a seguir e responda às questões de 37 a 40.
g
A flor e a náusea
Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?
Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.
Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.
Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.
Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
a
(A rosa do povo, Carlos Drummond de Andrade)
Crimes da terra, como perdoá-los?
O termo sublinhado no verso acima desempenha a função sintática de
objeto direto pleonástico.
objeto direto.
objeto indireto.
objeto indireto pleonástico.
Para determinar a função sintática do termo 'Crimes da terra', é necessário analisar o verso em que se encontra. O termo é o alvo da ação de 'perdoar', indicando a quem ou ao que se direciona a ação do verbo. Não há preposição que introduza o termo, e ele responde à pergunta 'o quê?' em relação ao verbo, caracterizando-o como objeto direto.
Identifique a ação principal do verbo e pergunte 'quem?' ou 'o quê?' para encontrar o objeto direto.
Objeto direto não é introduzido por preposição.
Considere se há repetição do termo na oração para determinar se há pleonasmo.
Confundir objeto direto com objeto indireto.
Misinterpretar o uso de preposições para identificar objetos diretos e indiretos.
Considerar pleonástico um termo que não apresenta repetição.
Na análise sintática, é essencial identificar a função que cada termo desempenha na oração. O objeto direto é o complemento de um verbo transitivo direto sem preposição e que responde às perguntas 'quem?' ou 'o quê?' referentes ao verbo. Já o objeto indireto é o complemento de um verbo transitivo indireto introduzido por preposição e responde às perguntas 'a quem?', 'a quê?', 'de quem?', 'de quê?'. Pleonasmo é a repetição desnecessária de um termo na oração.