Crianças brincando
Uma psicóloga da PM-SP defende que crianças de oito anos podem manusear armas de fogo, “desde que acompanhadas pelos pais”. É normal, diz ela, que o filho de um policial tenha curiosidade sobre o instrumento de trabalho de seu pai, “assim como o filho do médico tem sobre o estetoscópio”. A recente tragédia em São Paulo, envolvendo o menino Marcelo Pesseghini, 13, suspeito de matar seus pais (ambos, policiais militares), a avó e a tia-avó, e que se matou em seguida, tudo a tiros, não abalou sua convicção.
Vejamos. É normal que o filho de oito anos de um piloto de aviação tenha curiosidade sobre o instrumento de trabalho do pai - o avião. Isso autoriza o piloto a pôr o filho na cadeira do copiloto e “acompanhá- -lo” enquanto ele pousa o aparelho levando 300 passageiros? O filho de um madeireiro, apenas por ser quem é, estará autorizado a brincar com uma motosserra? E o filho de um proctologista estará apto a manipular o instrumento de trabalho de seu pai? (...)
A professora Maria de Lourdes Trassi, da Faculdade de Psicologia da PUC-SP, rebate o argumento da psicóloga da PM, dizendo: “O cirurgião pode até dar o estetoscópio ou a luva [para o filho brincar]. Mas não vai lhe apresentar o bisturi”.
Também acho. E há muitas coisas com que o filho de um PM pode brincar - gás de mostarda, bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha -, sem ter de apelar para armas de fogo.
(Ruy Castro, Folha de S.Paulo, 19.08.2013)
Levando em conta o aspecto do verbo na frase: “crianças de oito anos podem manusear armas de fogo”, afirma-se que a forma verbal está no Presente:
momentâneo, pois se refere ao manuseio de armas no momento da fala.
histórico, pois se refere a fatos sobre crimes ocorridos nos passado.
frequentativo, pois se refere a um fato que se repete ao longo do tempo no noticiário criminal.
universal, pois se refere à permissão do manuseio tida como uma verdade supostamente aceita por todos.
no lugar do futuro, pois a permissão para o manuseio de armas se dará em época próxima.