Correspondendo aos públicos disponíveis de leitores – pequenos e singelos – a nossa literatura foi geralmente acessível como poucas, pois até o Modernismo não houve aqui escritor realmente difícil, a não ser pela dificuldade fácil do rebuscamento verbal que, justamente porque se deixa vencer logo, tanto agrada aos falsos requintados. (...)
(Candido, Antonio. Literatura e Sociedade, 5.ª edição. Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1976, pág. 86.)
Tecendo considerações sobre a existência de “rebuscamento verbal” ao longo da história da literatura brasileira, o autor só NÃO estaria referindo-se:
ao Barroco cultista de Gregório de Matos, com a poesia de metáforas exageradas.
à literatura parnasiana de Olavo Bilac, com vocabulário raro e precioso.
à obra Os Sertões, de Euclides da Cunha, repleta de termos científicos e inusitados.
à prosa de Guimarães Rosa, com linguagem estilizada de neologismos e musicalidade.
à poesia de Cruz e Sousa, de um léxico litúrgico voltado para a semântica da cor branca.