Contudo, não há como negar que não melhorara nem progredira o Estado Oriental sob o domínio do Brasil. As guerras civis que antecederam à da conquista luso-brasileira já o haviam arruinado excessivamente, acabando-lhe o comércio exterior e extinguindo-lhe a indústria dos campos. A guerra de D. João VI quase dizimou-lhe a população, terminando por devastá-lo. O império não conseguira reabilitar-lhe as forças, ocupando-o mais militar que civilmente. Ainda em Montevidéu se travaram relações e alianças de famílias entre orientais e brasileiros. Nas vilas e aldeias, porém, e no campo os habitantes fugiam do contato com os conquistadores, e só entretinham comunicação com seus vizinhos de Entre Rios. Não é, portanto, de admirar que a maioria dos habitantes da província Cisplatina se mostrasse logo em 1825 contrária ao império, pois se haviam submetido pela força das armas e não ligada por espontânea vontade.
(Fernando Cacciatore de Garcia. Fronteira Iluminada: história do povoamento, conquista e limites do Rio Grande do Sul a partir do Tratado de Tordesilhas 1420-1920)
O texto aborda o contexto gerador para a Guerra da Cisplatina a qual, iniciada em 1825, provocou:
a independência política da Província da Cisplatina, que se constituiu em República do Uruguai;
a consolidação da permanência da Banda Oriental da Cisplatina como província do Império do Brasil;
a incorporação da Banda Oriental da Cisplatina às Províncias Unidas do Prata;
a imediata intervenção inglesa em favor do Brasil, fortalecendo a política de D. Pedro I para a região do Prata;
a intervenção direta de Bolívar que visava derrotar a influência de D. Pedro e da Santa Aliança na América do Sul.