Consoada.
Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
– Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.
BANDEIRA, Manuel. Consoada. Antologia Poética. Porto Alegre: L&PM, 2012. p. 133.
Sobre esses versos de Manuel Bandeira, está correto o que se afirma em
Mostram uma dissociação entre a realidade concreta e a presumível.
Sintetizam o mascaramento da angústia como solução diante do inevitável.
Revelam a instabilidade do sujeito poético diante da transitoriedade da vida.
Tematizam, metafórica e eufemisticamente, a morte, que é aceita, embora não desejável.
Refletem a desilusão diante de um viver sem sentido, devido ao mal sem cura que o acometeu.