Considere os versos do poema “As trevas”, que integra a obra Espumas flutuantes, de Castro Alves, para responder à questão
“Tive um sonho em tudo não foi sonho!...
O sol brilhante se apagava: e os astros,
Do eterno espaço na penumbra escura,
Sem raios, e sem trilhos, vagueavam.
A terra fria balouçava cega
E tétrica no espaço ermo de lua.
A manhã ia... vinha ... e regressava...
Mas não trazia o dia! Os homens pasmos
Esqueciam no horror dessas ruínas
Suas paixões: E as almas conglobadas
Gelavam-se num grito de egoísmo
Que demandava ‘luz’. Junto às fogueiras
Abrigavam-se... e os tronos e os palácios,
Os palácios dos reis, o albergue e a choça
Ardiam por fanais. Tinham nas chamas
As cidades morrido. Em torno às brasas
Dos seus lares os homens se grupavam,
P’ra à vez extrema se fitarem juntos.
Feliz de quem vivia junto às lavas
Dos vulcões sob a tocha alcantilada!”
Sobre o poema de Castro Alves, assinale a alternativa correta.
Há a presença marcante de elementos que remetem a um sentimento pessimista, melancólico e desolador, conforme ilustram as expressões: “Mas não trazia o dia!”, “E as almas conglobadas/Gelavam-se num grito de egoísmo” e “Tinham nas chamas/As cidades morrido”.
O eu lírico narra a crueldade sofrida pelos escravos, de acordo com a descrição do espaço e do enredo, ao longo dos versos.
Percebe-se uma sensualidade feminina, como se percebe na construção das figuras associadas ao fogo do vulcão, às lavas e à felicidade daqueles que a elas sobreviviam.
O poema é de caráter social e denuncia as injustiças cometidas pelos reis e demais integrantes da corte, segundo se percebe pelo emprego dos vocábulos “tronos” e “palácios”.
As “almas” às quais o eu lírico faz menção pertencem aos escravos que, acorrentados, morriam de sede e de fome, enquanto remavam, amontoados no ambiente insalubre da embarcação.