Considere o trecho a seguir para responder à questão.
“Olhai, oh Senhor, os jovens nos postos de gasolina. Apiedai-vos dessas pobres criaturas, a desperdiçar as mais belas noites de suas juventudes sentadas no chão, tomando Smirnoff Ice, entre bombas de combustível e pães de queijo adormecidos. Ajudai-os, meu Pai: eles não sabem o que fazem. [...] As ruas são violentas, é verdade, mas nem tudo está perdido.
[...]
Salvai-me do preconceito e da tentação, oh Pai, de dizer que no meu tempo tudo era lindo, maravilhoso. [...] Talvez exista alguma poesia em passar noite após noite sentado na soleira de uma loja de conveniência, e desfilar com a chave do banheiro e sua tabuinha, em gastar a mesada em chicletes e palha italiana. Explica-me o mistério, numa visão, ou arrancai-os dali. É só o que vos peço, humildemente, no ano que acaba de nascer. Obrigado, Senhor.”
PRATA, Antônio. Conveniência. O Estado de S. Paulo, 11 jan. 2008.
Assinale a alternativa correta quanto ao texto lido.
O texto apresenta sequências injuntivas que o aproximam de uma oração, ou seja, notase a presença de um ser suplicante e de um ser a quem a prece é dirigida.
O ser suplicante discorda totalmente dos comportamentos dos jovens a quem se refere no discurso, de modo que ele reconhece em si mesmo um bom exemplo a ser seguido.
Embora haja a presença de ironia no texto, esse recurso só se manifesta no primeiro parágrafo; ao longo dos demais, percebe-se a ocorrência de comparações e de metonímias.
O ser suplicante parece ter familiaridade com a rotina do ambiente e dos sujeitos que o frequentam, o que nos autoriza a deduzir que não há intenção de construir discurso crítico ao comportamento descrito.
Ao mesclar os gêneros – oração e crônica –, o autor prejudica o entendimento das ideias contidas no texto, tornando-o incoerente.