Considere o texto (fragmento) “Sermão de Santo Antônio aos peixes”, para responder à questão.
A primeira coisa que me desedifica, peixes, de vós, é que comeis uns aos outros. Grande escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros senão que os grandes comem os pequenos. Se fora ao contrário era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande. (...) Os homens com suas más e perversas cobiças, vêm a ser como os peixes que se comem uns aos outros.
(Vieira, Antônio. Sermões: a arte da retórica. São Paulo: Russel, 2006.)
O texto “Sermão de Santo Antônio aos peixes” implica uma atitude ético-racional do ser humano diante das relações de poder na sociedade.
Portanto, em análise a esse texto, pode-se dizer que
assim como os peixes, sem distinção de tamanho, deveriam estar em condições de se devorar uns aos outros, também os humanos deveriam competir livremente entre si, possibilitando assim uma distribuição mais equânime das consequências e responsabilidades de uma sociedade competitiva.
a eliminação dos mais fortes, com a conseqüente hegemonia dos fracos, é o caminho mais seguro para a paz social.
o comportamento entendido como humano deve, cada vez mais, distinguir-se do comportamento regido pelas leis da natureza, tipicamente marcada pela relação entre fortes e fracos, predadores e presas.
a natureza nos ensina que “a lei do mais forte” é, em si, promotora de desenvolvimento.
a aptidão ao poder deve ser desenvolvida em cada um, para que não haja devorados, mas apenas devoradores.