Considere o texto a seguir para a questão.
Toda arte e toda indagação, assim como toda ação e todo propósito, visam a algum bem; por isto foi dito acertadamente que o bem é aquilo a que todas as coisas visam. Mas nota-se uma certa diversidade entre as finalidades; algumas são atividades, outras são produtos distintos das atividades de que resultam; onde há finalidades distintas das ações, os produtos são por natureza melhores que as atividades. Mas como há muitas atividades, artes e ciências, suas finalidades também são muitas; a finalidade da medicina é a saúde, a da construção naval é a nau, a da estratégia é a vitória, a da economia é a riqueza. [...]
Retomando nossa investigação, e diante do fato de todo conhecimento e todo propósito visarem a algum bem, falemos daquilo que consideramos a finalidade da ciência política, e do mais alto de todos os bens a que pode levar a ação. Em palavras, o acordo quanto a este ponto é quase geral; tanto a maioria dos homens quanto as pessoas mais qualificadas dizem que este bem supremo é a felicidade, e consideram que viver bem e ir bem equivale a ser feliz; quanto ao que é realmente a felicidade, há divergências, e a maioria das pessoas não sustenta opinião idêntica à dos sábios. A maioria pensa que se trata de algo simples e óbvio, como o prazer, a riqueza ou as honrarias; mas até as pessoas componentes da maioria divergem entre si, e muitas vezes a mesma pessoa identifica o bem com coisas diferentes, dependendo das circunstâncias – com a saúde, quando ela está doente, e com a riqueza quando empobrece; cônscias, porém, de sua ignorância, elas admiram aqueles que compõem alguma coisa grandiosa e acima de sua compreensão. Há quem pense que além destes muitos bens há um outro, bom por si mesmo, e que também é a causa de todos os outros. Seria talvez infrutífero, de certo modo, examinar todas as opiniões sustentadas a este respeito; bastará examinar as mais difundidas ou as aparentemente mais razoáveis.
(Fonte: Aristóteles. Ética a Nicômacos, Brasília: Editora UnB, 2001, p. 17-9).
Considere o seguinte silogismo:
Toda ação visa a um fim. Todo bem é um fim. Logo, toda ação é um bem.
O silogismo acima é inválido, porque sua forma não é garantia de que, se houver premissas verdadeiras, haverá conclusão verdadeira. Assim, ele não se sustenta, pois
apresenta quatro termos.
não se tem nenhuma afirmação sobre a totalidade designada pelo termo médio, isto é, o termo médio não está distribuído.
as premissas não implicam a conclusão; a premissa maior não faz uma afirmação sobre a totalidade do termo maior.
é incompleto, por não haver termo médio em sua conclusão.
chega a uma conclusão particular a partir de duas premissas universais, isto é, incorre na falácia existencial.