Considere o texto a seguir.
Esporte e Ciência
Resultados obtidos estão intimamente associados a condições ambientais
As ciências estão presentes em praticamente todas as atividades humanas e, como não poderia deixar de ser, também nas esportivas. Assim, tanto o entendimento de um resultado como a melhora do desempenho podem depender de muitos estudos e pesquisas. Os surpreendentes desempenhos do jamaicano Usain Bolt nas corridas rápidas, por exemplo, têm motivado muitos trabalhos científicos em várias áreas, procurando-se entender que características explicam seu desempenho e como seria possível incorporar essas características em outros atletas e usá-las em outras modalidades esportivas. Mas vamos deixar Bolt de lado e ver uma aparente curiosidade que ocorreu nos Jogos Olímpicos da Cidade do México, em 1968. Usualmente, um recorde olímpico é superado uma ou duas olimpíadas depois ou, no máximo, na terceira. Entretanto, alguns casos notáveis ocorreram na Cidade do México. A corrida de 100 metros rasos foi completada em 9,95-s pelo americano Jim Hines, tempo só superado na quinta olimpíada depois daquela, em Seul, em 1988. O melhor tempo na corrida de 200 metros na mesma olimpíada foi de 19,83s, do também americano Tommie Smith, só melhorado em 1984, quatro olimpíadas depois. A medalha de ouro na corrida masculina de 400m, em 1968, foi conquistada por Lee Evans, que a completou em 43,85s, resultado olímpico só superado em 1992, em Barcelona, seis olimpíadas depois. Outro exemplo: em 1968, o salto em distância do atleta Bob Beamon, com 8,90metros, é, ainda hoje, o melhor desempenho em todas as olimpíadas (o recorde mundial foi batido em 1991, em Tóquio, durante o Campeonato Mundial de Atletismo, portanto não em uma olimpíada, por Mike- Powell). Há, ainda, fatos atípicos em algumas corridas longas, mas, nesses casos, maus resultados. O atleta etíope Mamo Wolde venceu a maratona na Cidade do México com um tempo de 2h20, atipicamente grande em relação ao que esperaríamos considerando resultados anteriores, já abaixo desse valor desde 1960. A corrida masculina de 5 mil m também teve um tempo atipicamente alto, o pior resultado olímpico desde 1956. Será que há alguma coisa na Cidade do México que possa explicar tantos resultados atípicos?
Helene. O. Esporte e Ciência Resultados obtidos estão intimamente associados a condições ambientais. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/sciam/artigos/esporte_e_ciencia.html>. Acesso 17 de jun. 2017.
A melhor explicação para rendimentos tão expressivos de corredores velocistas em relação aos maratonistas na Cidade do México é que
embora estejam em um mesmo ambiente (2000m de altitude), com as mesmas condições de oxigenação, maratonistas levam desvantagem, uma vez que apresentam um reduzido número de mitocôndrias e passam a realizar respiração anaeróbica. A resistência do ar afeta da mesma maneira maratonistas e velocistas.
a Cidade do México está localizada a mais de 2000m de altitude.Nesse ambiente, a densidade do ar é menor que a densidade do ar ao nível do mar e maior é a pressão atmosférica, favorecendo os velocistas. Também é menor a proporção de oxigênio no ar para a respiração. O pouco oxigênio presente afeta os maratonistas que apresentam fibras com metabolismo aeróbico e não influencia os velocistas que apresentam fibras anaeróbicas.
em cidade com grandes altitudes como a Cidade do México, os maratonistas apresentam maiores problemas de desempenho, uma vez que a menor oxigenação aliada à maior pressão atmosférica reduz a resistência do ar e favorece o metabolismo de fibras musculares aeróbicas tipo I, mais abundantes nos velocistas.
a Cidade do México está localizada a mais de 2000m de altitude. Nesse ambiente, a densidade do ar é menor que a densidade do ar ao nível do mar e menor à resistência do ar, favorecendo os velocistas. Também é menor a disponibilidade de oxigênio para a respiração. O pouco oxigênio presente afeta os maratonistas que apresentam mais fibras com metabolismo aeróbico e não influencia significativamente os velocistas que apresentam mais fibras anaeróbicas.
maratonistas apresentam resultados menos expressivos em cidades com altitudes elevadas como a Cidade do México, pois suas fibras musculares aeróbicas, ricas em mitocôndrias e de coloração vermelha, com o excesso de oxigênio, passam a fazer metabolismo aeróbico, que é menos energético que o anaeróbico.