Considere o poema de Adélia Prado, do livro Bagagem
GRANDE DESEJO
Não sou matrona, mãe dos Gracos, Cornélia,
sou mulher do povo, mãe de filhos, Adélia.
Faço comida e como.
Aos domingos bato o osso no prato pra chamar cachorro
[5] e atiro os restos.
Quando dói, grito ai,
quando é bom, fico bruta,
as sensibilidades sem governo.
Mas tenho meus prantos,
[10] claridades atrás do meu estômago humilde
e fortíssima voz pra cânticos de festa.
Quando escrever o livro com o meu nome
e o nome que eu vou pôr nele, vou com ele a uma igreja,
a uma lápide, a um descampado,
[15] para chorar, chorar, e chorar,
requintada e esquisita como uma dama.
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo, sobre o poema.
( ) A semelhança entre as figuras femininas nomeadas no primeiro e no segundo versos é reforçada pela rima.
( ) Os versos 2 e 16 representam imagens díspares e inconciliáveis do eu lírico.
( ) A voz poética representa a luta das mulheres para se afirmarem como escritoras, em um campo literário predominantemente masculino.
( ) O eu lírico se reconhece como mulher do povo e poeta, vivendo com a mesma intensidade o cotidiano e a criação.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
F – V – V – F.
F – F – F – V.
V – F – V – V.
V – F – V – F.
V – V – F – V.