Considere estes versos do cordel “Aos poetas clássicos”, do poeta e cordelista nordestino Patativa do Assaré.
Poetas niversitário,
Poetas de Cademia,
De rico vocabularo
Cheio de mitologia;
Se a gente canta o que pensa,
Eu quero pedir licença,
Pois mesmo sem português
Neste livrinho apresento
O prazê e o sofrimento
De um poeta camponês.
Eu nasci aqui no mato,
Vivi sempre a trabaiá,
Neste meu pobre recato,
Eu não pude estudá.
No verdô de minha idade,
Só tive a felicidade
De dá um pequeno insaio
In dois livro do iscritô,
O famoso professô
Filisberto de Carvaio.
[...]
ASSARÉ, Patativa. Aos poetas clássicos. Disponível em: http://www.fisica.ufpb.br/~romero/port/ga_pa.htm. Acesso em: 30 ago. 2019. (Fragmento)
O poema apresenta uma variedade do português não padrão, a qual
confere um tom irônico à crítica aos poetas clássicos.
denuncia os problemas da falta de escolaridade do brasileiro.
evidencia a superioridade da poesia feita por poetas profissionais.
legitima a autenticidade e a identidade da poesia popular.
mostra a intenção proposital do eu lírico de imitar a fala sertaneja.