Leia o texto abaixo para responder as questões de 01 a 04.
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Não sei quantas almas tenho
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Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
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Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
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Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.
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Fernando Pessoa
Considerando o poema de Fernando Pessoa, analise as proposições abaixo:
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I- No poema “Não sei quantas almas tenho” o poeta reflete acerca de si próprio.
II- Na primeira estrofe há uma alternância temporal presente/passado aliada ao advérbio de modo “continuamente”, que expressa a constante fragmentação sentida pelo sujeito poético, ontem, hoje, sempre.
III- O poeta passa da primeira para a terceira pessoa nos três últimos versos da primeira estrofe, quando usa a generalização.
IV- Nas duas primeiras estrofes, salienta-se a fragmentação do sujeito poético.
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São verdadeiras as proposições:
I, II e IV apenas.
II e IV apenas.
I, II e III apenas.
I, III e IV apenas.
I, II, III e IV.