ENEM 2018

Análise Detalhada da Questão

A questão pede para identificar a tendência que influenciou a variação das curvas no gráfico, considerando as diferenças entre extrativismo vegetal e silvicultura. O gráfico mostra a participação percentual dessas duas atividades no valor da produção primária florestal no Brasil entre 1996 e 2014.

Passo 1: Interpretar o Gráfico

• O eixo Y representa a participação percentual (de 0% a 90%).
• O eixo X representa o período de tempo (1996 a 2014).
• A linha cinza representa o Extrativismo Vegetal. Ela começa em aproximadamente 60% em 1996 e apresenta uma tendência geral de queda, terminando abaixo de 30% em 2014.
• A linha preta representa a Silvicultura. Ela começa em aproximadamente 40% em 1996 e apresenta uma tendência geral de alta, ultrapassando o extrativismo por volta de 2002 e terminando perto de 80% em 2014.
• Observa-se uma inversão na participação: o extrativismo, que era majoritário no início, perde espaço para a silvicultura, que se torna dominante.

Passo 2: Definir os Conceitos

• Extrativismo Vegetal: Coleta ou extração de recursos diretamente de florestas nativas (madeira, óleos, resinas, castanhas, etc.). Frequentemente associado à exploração de recursos naturais sem necessariamente o replantio ou manejo sustentável em larga escala.
• Silvicultura: Cultivo e manejo de florestas plantadas, geralmente para fins comerciais (produção de madeira, celulose, etc.). Envolve o plantio de árvores (reflorestamento ou florestamento), como eucalipto e pinus no Brasil, visando a produção sustentável e controlada.

Passo 3: Relacionar os Conceitos com as Tendências do Gráfico

A queda na participação percentual do extrativismo vegetal indica que a exploração de florestas nativas está contribuindo proporcionalmente menos para o valor total da produção florestal. Em contrapartida, o aumento expressivo da participação da silvicultura mostra que as florestas plantadas (reflorestamento/florestamento) estão se tornando a principal fonte de valor na produção primária florestal.

Passo 4: Analisar as Alternativas

• A (conservação do bioma nativo): Embora a diminuição do extrativismo possa contribuir para a conservação, o gráfico mostra a participação *percentual no valor*, não a área desmatada ou o volume extraído. A causa principal da mudança é econômica e produtiva, não necessariamente uma política focada primariamente em conservação.
• B (estagnação do setor primário): O gráfico mostra uma mudança na composição do setor primário florestal, com forte crescimento da silvicultura, o que contradiz a ideia de estagnação.
• C (utilização de madeira de reflorestamento): A silvicultura é a prática de cultivar florestas, e no Brasil, isso se traduz largamente em reflorestamento com espécies como eucalipto e pinus para produção de madeira e celulose. O aumento da participação da silvicultura indica diretamente uma maior utilização de madeira proveniente dessas áreas de reflorestamento. Esta alternativa explica perfeitamente as tendências observadas.
• D (redução da produção de móveis): A produção de móveis é um setor secundário (indústria) que consome madeira. Uma redução nesse setor poderia afetar a demanda, mas não explica diretamente a mudança na *origem* da madeira (extrativismo vs. silvicultura) mostrada no gráfico.
• E (retração da indústria alimentícia): A indústria alimentícia utiliza alguns produtos do extrativismo vegetal (ex: castanha-do-pará, açaí), mas a maior parte do valor da produção florestal (tanto extrativismo quanto silvicultura) está ligada à madeira e celulose. Uma retração na indústria alimentícia não explicaria a forte ascensão da silvicultura.

Conclusão: A inversão das curvas, com o crescimento da silvicultura e declínio do extrativismo vegetal na participação do valor da produção primária florestal, é explicada pela crescente utilização de madeira de reflorestamento, que é o produto principal da silvicultura.

Portanto, a alternativa correta é a C.