Instituto Tecnológico de Aeronáutica 2016

As questões de 21 a 25 referem-se ao Texto 1.


Texto 1: A mídia realmente tem o poder de manipular as pessoas?

Por Francisco Fernandes Ladeira


1 À primeira vista, a resposta para a pergunta que intitula este artigo 2 parece simples e óbvia: sim, a

2 mídia é um poderoso instrumento de manipulação. A ideia de que o frágil cidadão comum é impotente frente

3 aos gigantescos e poderosos conglomerados da comunicação é bastante atrativa intelectualmente.

4 Influentes nomes, como Adorno e Horkheimer, os primeiros pensadores a realizar análises mais sistemáticas

5 sobre o tema, concluíram que os meios de comunicação em larga escala moldavam e direcionavam as

6 opiniões de seus receptores. Segundo eles, o rádio torna todos os ouvintes iguais ao sujeitá-los,

7 autoritariamente, aos idênticos programas das várias estações. No livro Televisão e Consciência de Classe,

8 Sarah Chucid Da Viá afirma que o vídeo apresenta um conjunto de imagens trabalhadas, cuja apreensão é

9 momentânea, de forma a persuadir rápida e transitoriamente o grande público. Por sua vez, o psicólogo

10 social Gustav Le Bon considerava que, nas massas, o indivíduo deixava de ser ele próprio para ser um

11 autômato sem vontade e os juízos aceitos pelas multidões seriam sempre impostos e nunca discutidos.

12 Assim, fomentou-se a concepção de que a mídia seria capaz de manipular incondicionalmente uma

13 audiência submissa, passiva e acrítica.

14 Todavia, como bons cidadãos céticos, devemos duvidar (ou ao menos manter certa ressalva) de

15 proposições imediatistas e aparentemente fáceis. As relações entre mídia e público são demasiadamente

16 complexas, vão muito além de uma simples análise behaviorista de estímulo/resposta. As mensagens

17 transmitidas pelos grandes veículos de comunicação não são recebidas automaticamente e da mesma

18 maneira por todos os indivíduos. Na maioria das vezes, o discurso midiático perde seu significado original na

19 controversa relação emissor/receptor. Cada indivíduo está envolto em uma “bolha ideológica”, apanágio de

20 seu próprio processo de individuação, que condiciona sua maneira de interpretar e agir sobre o mundo.

21 Todos nós, ao entramos em contato com o mundo exterior, construímos representações sobre a realidade.

22 Cada um de nós forma juízos de valor a respeito dos vários âmbitos do real, seus personagens,

23 acontecimentos e fenômenos e, consequentemente, acreditamos que esses juízos correspondem à

24 “verdade”. [...]

25 [...] A mídia é apenas um, entre vários quadros ou grupos de referência, aos quais um indivíduo

26 recorre como argumento para formular suas opiniões. Nesse sentido, competem com os veículos de

27 comunicação como quadros ou grupos de referência fatores subjetivos/psicológicos (história familiar,

28 trajetória pessoal, predisposição intelectual), o contexto social (renda, sexo, idade, grau de instrução, etnia,

29 religião) e o ambiente informacional (associação comunitária, trabalho, igreja). “Os vários tipos de receptor

30 situam-se numa complexa rede de referências em que a comunicação interpessoal e a midiática se

31 completam e modificam”, afirmou a cientista social Alessandra Aldé em seu livro A construção da política:

32 democracia, cidadania e meios de comunicação de massa. Evidentemente, o peso de cada quadro de

33 referência tende a variar de acordo com a realidade individual. Seguindo essa linha de raciocínio, no original

34 estudo Muito Além do Jardim Botânico, Carlos Eduardo Lins da Silva constatou como telespectadores

35 do Jornal Nacional acionam seus mecanismos de defesa, individuais ou coletivos, para filtrar as informações

36 veiculadas, traduzindo-as segundo seus próprios valores. “A síntese e as conclusões que um telespectador

37 vai realizar depois de assistir a um telejornal não podem ser antecipadas por ninguém; nem por quem

38 produziu o telejornal, nem por quem assistiu ao mesmo tempo que aquele telespectador”, inferiu Carlos

39 Eduardo.

Adaptado de: http://observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-em-questao/a-midia-realmente-tem-o-poder-de-manipular-as-pessoas/. (Publicado em 14/04/2015, na edição 846. Acesso em 13/07/2016.)

Com relação às estratégias argumentativas utilizadas no texto, é correto afirmar que o autor

a

vale-se da pergunta retórica do título, respondida afirmativamente por ele mesmo.

b

apresenta apenas posicionamentos de estudiosos que são idênticos aos seus.

c

vale-se do uso das aspas nos quatro momentos para se distanciar daquilo que é dito.

d

utiliza a primeira pessoa do plural para se aproximar do leitor e o persuadir sobre seu ponto de vista.

e

apresenta com total imparcialidade pontos de vista diversos sobre a manipulação da mídia.

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Resposta
D
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