TEXTO 01
O texto seguinte servirá de base para responder às questões de 01 a 06.
Furto de flor, Carlos Drummond de Andrade
Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor.
Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida.
Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem.
Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la no jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer.
Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me.
- Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!
ANDRADE, Carlos Drummond. Contos plausíveis. Rio de Janeiro, José Olympio, 1985. p. 80.
Com base em "Furto de flor", de Carlos Drummond de Andrade, analise as afirmações e assinale a única CORRETA:
Em "fui depositá-la no jardim", "no jardim" desempenha a função de adjunto adnominal de lugar.
Em "o porteiro estava atento", "atento" é um predicativo do objeto.
A palavra "murcha" está escrita de forma incorreta. Segundo a ortografia oficial, o certo é "mucha".
Em "Nem apelar para o médico de flores", "de flores" é uma locução adjetiva, já que é uma expressão formada por mais de uma palavra e exerce a função de um adjetivo, caracterizando o substantivo "médico".
Em "peguei-a docemente", "docemente" é um adjetivo abstrato.