ENEM 2020 segunda aplicação
Com a retração do binômio taylorismo/fordismo, vem ocorrendo uma redução do proletariado industrial, fabril, tradicional, manual, estável e especializado, herdeiro da era da indústria verticalizada do tipo taylorista e fordista. Esse proletariado vem diminuindo com a reestruturação produtiva do capital, dando lugar a formas mais desregulamentadas de trabalho, reduzindo fortemente o conjunto de trabalhadores estáveis por meio de empregos formais.
ANTUNES, R. O caracol e sua concha: ensaio sobre a nova morfologia do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2005.
Uma nova característica dos trabalhadores requerida pelas mudanças apresentadas no texto é o(a)
formação em nível superior.
registro em organização sindical.
experiência profissional comprovada.
flexibilidade no exercício da ocupação.
obediência às normas de segurança laboral.
Resolução
A questão aborda as transformações no mundo do trabalho, especificamente a transição de um modelo produtivo baseado no taylorismo/fordismo para novas formas de organização do trabalho. O texto de Ricardo Antunes descreve a retração do modelo anterior, caracterizado por:
- Proletariado industrial, fabril, tradicional, manual.
- Trabalho estável e especializado.
- Indústria verticalizada.
Em contrapartida, o texto aponta o surgimento de:
- Formas mais desregulamentadas de trabalho.
- Redução de trabalhadores estáveis com empregos formais.
O comando da questão pede para identificar uma nova característica requerida dos trabalhadores em função dessas mudanças.
Analisando as alternativas:
- A (formação em nível superior): Embora a qualificação seja importante, o texto não foca nisso como a característica central decorrente da desregulamentação. A precarização pode afetar trabalhadores com diferentes níveis de formação.
- B (registro em organização sindical): A desregulamentação e a fragmentação do trabalho muitas vezes enfraquecem a organização sindical, tornando o registro menos comum ou efetivo, e não uma característica requerida.
- C (experiência profissional comprovada): A experiência sempre foi um fator, mas a mudança principal descrita é a natureza do vínculo e das tarefas, não necessariamente a exigência de comprovação de experiência como *nova* característica central.
- D (flexibilidade no exercício da ocupação): Esta alternativa se alinha diretamente com as "formas mais desregulamentadas de trabalho" e a redução da estabilidade. A nova lógica produtiva exige trabalhadores adaptáveis, capazes de mudar de função, de horário, de local de trabalho e de tipo de contrato (muitas vezes temporário ou intermitente). A flexibilidade é a chave nesse novo cenário descrito.
- E (obediência às normas de segurança laboral): A segurança no trabalho é uma questão legal e ética importante, mas não é a *nova característica* central demandada pela reestruturação produtiva focada na desregulamentação e flexibilização descrita no texto.
Portanto, a característica que melhor representa a adaptação exigida dos trabalhadores ao novo cenário de desregulamentação e menor estabilidade, conforme descrito no texto, é a flexibilidade.
A resposta correta é a D.
Dicas
Erros Comuns
Revisão de Conceitos Essenciais:
- Taylorismo/Fordismo: Modelos de produção industrial que surgiram no início do século XX. Caracterizam-se pela produção em massa, linha de montagem, especialização extrema das tarefas (taylorismo), controle rígido do tempo, trabalho repetitivo, grandes estoques e relativa estabilidade no emprego para o trabalhador fabril.
- Reestruturação Produtiva / Pós-Fordismo / Acumulação Flexível: Processo de mudança nos modelos de produção e organização do trabalho, intensificado a partir das últimas décadas do século XX. Caracteriza-se pela busca por maior flexibilidade na produção (just-in-time), automação, terceirização, redução de custos, diversificação de produtos e, no âmbito do trabalho, pela flexibilização dos contratos, polivalência funcional, precarização das condições de trabalho, enfraquecimento sindical e aumento da instabilidade e da informalidade.
- Desregulamentação do Trabalho: Redução das normas e leis que protegem os trabalhadores e regulam as relações de trabalho (jornada, salário mínimo, férias, segurança, etc.), levando a contratos mais flexíveis e, frequentemente, a condições mais precárias.
Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
