CÍRCULO VICIOSO
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
— “Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!”
Mas a estrela, fitando a Lua, com ciúme:
— “Pudesse eu copiar o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!”
Mas a Lua, fitando o Sol, com azedume:
— “Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!”
Mas o Sol, inclinando a rútila capela:
— “Pesa-me esta brilhante auréola de nume…
Enfara-me esta azul e desmedida umbela…
Por que não nasci eu um simples vaga-lume?”
ASSIS, Machado de. Ocidentais. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 2 jul. 2021.
A leitura do poema permite inferir que o(a)
vontade de cada um querer ser algo diferente do que é gera insatisfação pessoal.
desprezo pelo outro é uma constante nas relações humanas.
insatisfação pessoal leva à autodestruição.
busca pelo sucesso turva os sentidos do homem.
desejo de ser diferente é a origem da maldade humana.