UPE SSA 2013
Cinco jovens estavam vindo de uma festa. Depois de passarem por uma blitz, na qual o condutor fez o teste do bafômetro (ou etilômetro) não apresentando alcoolemia, foram feitos os seguintes comentários sobre o consumo de bebida alcoólica:
Assinale a alternativa que apresenta uma concepção comprovada cientificamente.
José está certo, pois os efeitos das bebidas alcoólicas acontecem em apenas uma fase na qual o álcool age como um estimulante, trazendo desinibição e euforia.
Ana está errada, pois o consumo do álcool, apesar de levar à diminuição da coordenação motora, dos reflexos e deixar a pessoa sonolenta, não gera prejuízo à agilidade de resposta e à coordenação motora, habilidades essenciais em uma situação de enfrentamento físico.
Tito está errado, pois a única maneira de curar embriaguez é esperar o álcool ser metabolizado pelo corpo. Em média, cada dose de álcool ingerida demora cerca de uma hora para ser totalmente metabolizada pelo corpo. Entretanto, esse tempo não varia, pois independe do peso e do sexo da pessoa.
Maria está certa, pois os níveis de uma enzima do estômago (desidrogenase do álcool), a qual auxilia no metabolismo do álcool, são de 70% a 80% mais elevados nos homens que nas mulheres.
Oto está certo, pois o corpo metaboliza o álcool de forma muito rápida, não dando, assim, tempo de absorver as calorias que são transformadas, apenas, em calor.
Resolução
Passo 1 – Ler o quadrinho e identificar o que cada personagem afirma
- Tito: “Café e banho gelado curam embriaguez no ato!”.
- José: “Quanto mais uma pessoa bebe, mais relaxada e alegre irá ficar”.
- Oto: “Beber não engorda”.
- Ana: “Em geral, a pessoa embriagada se envolve em brigas e acaba sendo a maior vítima”.
- Maria: “As mulheres absorvem o álcool e ficam alcoolizadas muito mais facilmente que os homens”.
Passo 2 – Confrontar cada fala com o que a ciência sabe sobre álcool
- Tito – Café, banho frio ou qualquer outra “receita” não eliminam o álcool do organismo. Somente o fígado metaboliza o etanol, processo que leva tempo.
- José – O álcool é bifásico. Em doses baixas provoca aparente euforia, mas à medida que a concentração sanguínea aumenta, aparecem efeitos depressores (sonolência, perda de coordenação etc.).
- Oto – Etanol fornece, em média, 7 kcal/g. Em grande consumo, contribui sim para ganho de peso.
- Ana – A literatura aponta maior envolvimento em brigas, violência e vitimização quando o indivíduo está alcoolizado, além de prejuízo motor e cognitivo.
- Maria – Mulheres apresentam menor quantidade da enzima álcool-desidrogenase (ADH) na mucosa gástrica, têm menor massa de água corporal e, portanto, alcançam concentrações sanguíneas mais altas com a mesma dose ingerida.
Passo 3 – Julgar cada alternativa
- A) Diz que José está certo e que só existe fase estimulante. Falso – há fase depressora.
- B) Afirma que Ana está errada e que não há prejuízo de resposta/coordenação. Falso – há sim prejuízo.
- C) Declara Tito errado (ok) mas acrescenta que o tempo de metabolização “não varia”. Falso – varia com sexo, peso, enzimas, estado hepático.
- D) Afirma Maria certa e explica diferença enzimática (ADH 70–80 % maior nos homens). Correto segundo estudos de farmacocinética.
- E) Diz que Oto está certo porque o corpo “não absorve as calorias”. Errado – álcool fornece calorias aproveitáveis.
Conclusão – A única alternativa totalmente de acordo com evidências é a letra D.
Dicas
Erros Comuns
Conceitos-chave
- Metabolismo do álcool – Realizado principalmente no fígado (enzimas ADH e ALDH) e de forma inicial no estômago. Ritmo médio: 7–10 g de etanol/h, mas varia com sexo, peso, genética, estado hepático.
- Ação bifásica – 1ª fase: leve euforia/estimulação (até ≈0,05 g/dL). 2ª fase: efeito depressor sobre SNC (coordenação, fala, reflexos).
- Fatores de risco adicionais – Baixa estatura, menor água corporal e menos ADH tornam mulheres mais suscetíveis.
- Calorias do etanol – 7 kcal por grama, podendo levar a ganho ponderal.
- Mitologia popular – Café, banho gelado, exercícios não “curam” embriaguez; apenas mascaram sintomas.
